segunda-feira, 29 de março de 2010

POR QUE OS SANTOS FICAM COBERTOS NA QUARESMA E VERÔNICA CANTA NO "ENTERRO" DO SENHOR?


É costume muito antigo na Igreja, a partir do quinto Domingo da Quaresma – também chamado de Primeiro Domingo da Paixão, na forma extraordinária do Rito Romano, (sendo na verdade o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, o Segundo Domingo da Paixão) – cobrir com pano roxo as cruzes, quadros e imagens sacras. As cruzes ficam cobertas até o final da liturgia da Sexta – Feira Santa, os quadros e demais imagens até a celebração da noite de Páscoa.

O sentido profundo desse ato de cobrir as imagens sacras, fundamenta-se no luto pelo sofrimento de Cristo Nosso Senhor, levando os fiéis a refletir, ao contemplar esses objetos sagrados cobertos do roxo, que simboliza a tristeza, a dor e a penitência. O ápice do despojamento ocorre após a Missa da Ceia do Senhor na Quinta-Feira Santa, quando retiram-se as toalhas do altar. A cruz coberta lembra-nos a humilhação de N. Senhor Jesus Cristo, que teve de ocultar-se para não ser apedrejado pelos judeus, como nos relata o Evangelho segundo São João:

“Os judeus pegaram pela segunda vez em pedras para o apedrejar. Disse-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas da parte de meu Pai. Por qual dessas obras me apedrejais? (...). Procuraram então prendê-lo, mas ele se esquivou das suas mãos. Ele se retirou novamente para além do Jordão, para o lugar onde João começara a batizar, e lá permaneceu.” (Jo 10, 31-32.39-40)

Sobre o cântico de Verônica durante a procissão do enterro do Senhor. Primeiramente, falemos um pouco sobre Verônica, cujo nome deriva-se de “veros icona” (imagem verdadeira), pelo fato de segundo a Tradição da Igreja, ela ter enxugado o rosto de Cristo a caminho do Calvário, e a imagem do rosto de Cristo ter ficado gravada milagrosamente no véu. Este episódio não consta na Sagrada Escritura, apenas na Tradição da Igreja (1). O nome de Verônica é mencionado no livro apócrifo “Atos de Pilatos” (século VI), no capítulo VII, fazendo crer que se trata da mesma mulher curada por Jesus da hemorragia (cf. Lucas 8,43-48).

Pois bem, na procissão Verônica canta a lamentação: “Ó vós todos que passais pelo caminho, parai e vede se há dor igual à minha dor.” Ressaltando a dor do Cristo que padece pela humanidade. Note-se que é comum cânticos e lamentações em velórios, conforme o testemunho de São Marcos e S. Mateus:

“Ao chegar à casa do chefe da sinagoga, viu o alvoroço e os que estavam chorando e fazendo grandes lamentações.Ele entrou e disse-lhes: Por que todo esse barulho e esses choros? A menina não morreu. Ela está dormindo”. (Mc 5,38-39) [grifo nosso]

“Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus os tocadores de flauta e uma multidão alvoroçada. Disse-lhes:Retirai-vos, porque a menina não está morta; ela dorme. Eles, porém, zombavam dele.” (Mt 9,23-24). [grifo nosso]

Nota

(1) Este episódio é relatado na VI estação da Via Sacra.


JESUS, Leandro Martins de. Apostolado Veritatis Splendor:
PORQUE OS SANTOS FICAM COBERTOS NA QUARESMA E VERÔNICA CANTA NO "ENTERRO" DO SENHOR? Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/4959. Desde 25/07/2008

domingo, 28 de março de 2010

A SEMANA SANTA E SEUS RITUAIS




QUINTA-FEIRA SANTA

1. A celebração eucarística na Ceia do Senhor inaugura o Tríduo pascal que terminará com as II Vésperas do Domingo de Páscoa. Estes três dias são o coração do ano litúrgico e de todo o mistério cristão. Não só nos recordam o que o amor de Deus realizou por nós, mas também significam e comunicam a graça do mistério neles celebrado.

SUGESTÕES PARA A CELEBRAÇÃO E A VIVÊNCIA DA LITURGIA

a) Inicia-se o tríduo sagrado, chamado também de o "Tríduo do crucificado, do sepultado e do ressuscitado".

b) Cruz processional, velas, turíbulo fumegando.

c) Matracas.

d) Pode-se entrar na procissão de entrada os santos óleos que foram abençoados pela manhã na Catedral pelo Bispo. Prepara-se no presbitério uma mesa para colocá-los. Para serem levados ao presbitério os santos óleos, poderiam três jovens vestir túnicas das respectivas cores dos óleos: ROXO (óleo dos enfermos); ROSA (óleo do Crisma); BRANCO (óleo do batismo).

e) Pode ser decorado perto do altar e nunca em cima do mesmo, com pão, uva, vinho.

f) Antes da celebração, o sacrário deve estar vazio. As hóstias para a comunhão dos fiéis devem ser consagradas na mesma celebração da missa de maneira suficiente para o dia seguinte também (Sexta-feira santa).

g) Reserve-se uma Capela para conservação do Santíssimo Sacramento e seja ela ornada de modo conveniente, para que possa facilitar a oração e meditação: recomenda-se o respeito.

Daquela solenidade que convém à liturgia destes dias, evitando ou renovando qualquer abuso contrário.

h) Durante o canto do hino do "Glória" tocam-se os sinos (da torre e do altar). Concluído o canto eles ficarão silenciosos até o "Glória" da Vigília Pascal.

i) O órgão ou outros instrumentos a partir do canto do "Glória", só serão utilizados para sustentar o canto. De maneira que não se use nem bateria e nem pandeiros...

j) Seja conservada para o lava-pés a escolha de alguns homens, e como sugestão podendo ser 12 que significa os 12 apóstolos. Neste momento o celebrante retira a casula e cinge-se com uma toalha grande que possa ser amarrada à cintura e ao mesmo tempo enxugar os pés dos discípulos, a casula ficará aberta sobre o altar. Após terminar o lava-pés e ter lavado as mãos vestirá novamente a casula. Pode ser dado para os homens um pão.

k) Na procissão do ofertório tendo sido feita uma conscientização na comunidade, a comunidade pode fazer doação de alimentos não perecíveis para os menos favorecidos, como nos sugere o Missal Romano.

l) Na consagração, não se toca a campainha e sim as matracas.

m) Após a oração da comunhão, forme-se o cortejo, passando por toda a Igreja, que acompanha o Santíssimo Sacramento ao lugar da reposição. A procissão é precedida pelo cruciferário, as velas, o turíbulo fumegando e as matracas.

n) Usa-se a Umbela para cobrir o Santíssimo.

o) Nunca se pode fazer a exposição com o ostensório. (A reserva Eucarística deverá ficar dentro do sacrário).

p) Na adoração até a meia-noite, pode ser lida uma parte do evangelho segundo João Capítulos 13-17. Após a meia noite, esta adoração seja feita sem solenidade já que começou o dia da paixão do Senhor. Recomenda-se o silêncio.

q) A capela do Santíssimo pode ser ornada com flores, com todo esplendor.

r) O sacerdote deveria usar pluvial e véu umeral festivo na transladação do Santíssimo Sacramento em direção ao altar da reposição. Na falta do Pluvial use pelo menos o véu umeral sobre a túnica ou alva com estola.

s) Concluída a missa é desnudado o altar da celebração. Convém cobrir as cruzes da Igreja com um véu de cor vermelha ou roxa.

Para a missa deve-se preparar:

a) Âmbulas com partículas para consagrar para essa missa e para a Sexta-feira;
b) Véu de ombros;
c) Turíbulo com naveta;
d) Tochas e velas;

Para o lava pés:

a) Assentos para os homens designados;
b) Jarro de água e bacia;
c) Toalha para enxugar os pés;
d) Sabonete (para o sacerdote lavar as mãos)

2. Momentos fortes:
São momentos altos deste memorial: a escuta da Palavra, o lava-pés, a oferenda do pão e do vinho acompanhados pelas ofertas para os pobres recolhidas durante a Quaresma, a oração eucarística (com comemorações próprias deste dia), a fração do Pão, a participação no Corpo e Sangue do Senhor consagrados na própria ação litúrgica (é "proibido" o recurso à reserva eventualmente conservada no Sacrário o qual, segundo a vontade da Igreja, deveria estar vazio no começo da celebração).

3. Bênção dos Santos Óleos (Celebração na Catedral com o Arcebispo pela manhã).

Na Quinta-feira Santa, óleo de oliva misturado com perfume (bálsamo) é consagrado pelo Bispo para ser usado nas celebrações do Batismo, Crisma, Unção dos Enfermos e Ordenação. Sempre que houver celebração com óleo, deve estar à disposição do ministro uma jarra com água, bacia, sabonete e toalha para as mãos.

Não se sabe com precisão, como e quando teve início a bênção conjunta dos três óleos litúrgicos. Fora de Roma, esta bênção acontecia em outros dias, como no Domingo de Ramos ou no Sábado de Aleluia. O motivo de se fixar tal celebração na Quinta-feira Santa deve-se ao fato de ser este último dia em que se celebra a missa antes da Vigília Pascal. São abençoados os seguintes óleos:

Óleo do Crisma - Uma mistura de óleo e bálsamo, significando plenitude do Espírito Santo, revelando que o cristão deve irradiar "o bom perfume de Cristo". É usado no sacramento da Confirmação (Crisma) quando o cristão é confirmado na graça e no dom do Espírito Santo, para viver como adulto na fé. Este óleo é usado também no sacramento do sacerdócio, para ungir os "escolhidos" que irão trabalhar no anúncio da Palavra de Deus, conduzindo o povo e santificando-o no ministério dos sacramentos. A cor que representa esse óleo é o branco ouro.

Óleo dos Catecúmenos - Catecúmenos são os que se preparam para receber o Batismo, sejam adultos ou crianças, antes do rito da água. Este óleo significa a libertação do mal, a força de Deus que penetra no catecúmeno, o liberta e prepara para o nascimento pela água e pelo Espírito. Sua cor é vermelha.

Óleo dos Enfermos - É usado no sacramento dos enfermos, conhecido erroneamente como "extrema-unção". Este óleo significa a força do Espírito de Deus para a provação da doença, para o fortalecimento da pessoa para enfrentar a dor e, inclusive a morte, se for vontade de Deus. Sua cor é roxa.

3. Ceia do Senhor (Lava-pés)

3.a - Um momento solene

No 13º capítulo do seu Evangelho, João fala sobre Jesus fraco, pequeno, que terminará sendo condenado e morto na cruz como um blasfemador, um fora da lei ou um criminoso. Até então, Jesus parecia tão forte, havia feito tantos milagres, curado doentes, ordenado que o mar e o vento se acalmassem e falado com autoridade para os escribas e os fariseus.

Ele parecia ser um grande profeta, quem sabe até o Messias. O Deus do poder estava com Ele. Mais e mais pessoas estavam começando a segui-lo, esperavam que Ele os libertasse dos romanos, resgatando assim, a dignidade do povo escolhido. O tempo da páscoa estava próximo. A multidão e os amigos dele pensavam: "Será que Ele vai se revelar na páscoa? Então, todos acreditarão nele."

Todos esperavam que algo extraordinário acontecesse. No entanto, em vez de fazer algo fantástico, Jesus tomou o caminho oposto, o da fraqueza, o da humilhação, deixando que os outros o vencessem. Este processo de humilhação teve início quando o Verbo se fez carne no seio da Virgem Maria, e continuou visível para os discípulos no lava-pés. Terminará com a agonia, paixão, crucifixão e morte.

O começo deste capítulo é muito solene: "Antes do dia da festa da Páscoa, sabendo Jesus que tinha chegado à hora de passar deste mundo ao Pai, tendo amado aos seus, que estavam no mundo, amou-os até ao extremo. Começada a ceia, tendo já o demônio posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, a determinação de entregá-lo, sabendo que o Pai tinha posto em suas mãos todas as coisas, que saíra de Deus e ia para Deus, levantou-se da ceia, depôs o manto, e apegando uma toalha cingiu-se com ela." (Jo 13,1-4).

Estas palavras são muito fortes: "Jesus, sabendo que o Pai tinha posto em suas mãos todas as coisas, que saíra de Deus e ia para Deus, levantou-se da ceia, depôs o manto..." Então, Ele se ajoelhou diante de cada um de seus discípulos e começou a lavar-lhes os pés, em uma atitude de humilhação, fraqueza, súplica e submissão. De joelhos ninguém pode se mover com facilidade nem se defender. João Batista havia dito que ele não era digno nem de desatar as sandálias de Jesus (Mc 1,7). No entanto, Jesus se ajoelha em frente a cada um de seus discípulos.

Os primeiros cristãos devem ter cantado o mistério de Jesus, que se desfez da sua glória e se fez fraco, como encontramos nas palavras de S. Paulo aos Filipenses: ?O qual, existindo na forma (ou natureza) de Deus, não julgou que fosse uma rapina o seu ser igual a Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens e sendo reconhecido por condição como homem?. Humilhou-se a si mesmo, feito obediente até a morte, e morte de cruz! (Fl 2,6-8)

Nós estamos frente a um Deus que se torna pequeno e pobre que desce na escala da promoção humana, que escolhe o último, que assume o lugar de servo ou escravo. De acordo com a tradição judia, o escravo lavava os pés do senhor, e algumas vezes as esposas lavavam os pés do marido ou os filhos lavavam os do pai.

4. Desnudação do Altar

A desnudação do altar hoje, é um rito prático, com a finalidade de tirar da igreja todas as manifestações de alegria e de festa, como manifestação de um grande e respeitoso silêncio pela Paixão e Morte de Jesus.

A desnudação do altar (denudatio altaris), ou despojamento, como preferem alguns, é um rito antigo, já mencionado por Santo Isidoro no século VII, que fala da desnudação como um gesto que acontecia na quinta-feira santa.

O sacerdote, ajudado por dois ministros, remove as toalhas e os demais ornamentos e enfeites dos altares que ficam assim desnudados até a Vigília Pascal. No antigo rito, durante a desnudação recitava-se um trecho de um salmo. O gesto da desnudação do altar tinha o significado alegórico da nudez com a qual Cristo foi crucificado.

O rito atual é realizado de modo muito simples, após a missa. Feito em silêncio e sem a participação da assembleia. As orientações do Missal Romano pedem que sejam retiradas as toalhas do altar e, se possível, as cruzes da igreja.

Caso isso não seja possível, orienta o Missal que convém velar as cruzes e as imagens que não possam ser retiradas. (Cf. Missal Romano, p. 253, n. 19).

O significado é o silêncio respeitoso da Igreja que faz memória de Jesus que sofre a Paixão e morte, por isso, despoja-se de tudo o que possa manifestar festa.

Instituição da Eucaristia

Na véspera da festa da Páscoa, como Jesus sabia que havia chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 12, 1).

Caía a noite sobre o mundo, porque os velhos ritos, os antigos sinais da misericórdia infinita de Deus para com a humanidade iam realizar-se plenamente, abrindo caminho a um verdadeiro amanhecer: a nova Páscoa. A Eucaristia foi instituída durante a noite, preparando antecipadamente a manhã da Ressurreição. Jesus ficou na Eucaristia por amor..., por ti.

Comecemos desde já a pedir ao Espírito Santo que nos prepare para podermos entender cada expressão e cada gesto de Jesus Cristo: porque queremos viver vida sobrenatural, porque o Senhor nos manifestou a sua vontade de se dar a cada um de nós em alimento da alma, e porque reconhecemos que só Ele tem palavras de vida eterna.

A fé leva-nos a confessar com Simão Pedro: Nós acreditamos e sabemos que tu és o Cristo, o Filho de Deus. E é essa mesma fé, fundida com a nossa devoção, que nesses momentos transcendentes nos incita a imitar a audácia de João, a aproximar-nos de Jesus e a reclinar a cabeça no peito do Mestre, que amava ardentemente os seus e, como acabamos de ouvir, iria amá-los até o fim.

Tenhamos em mente a experiência tão humana da despedida de duas pessoas que se amam. Desejariam permanecer sempre juntas, mas o dever - seja ele qual for - obriga As a afastar Se uma da outra. Não podem continuar sem se separarem, como gostariam. Nessas situações, o amor humano, que, por maior que seja, é sempre limitado, recorre a um símbolo: as pessoas que se despedem trocam lembranças entre si, possivelmente uma fotografia, com uma dedicatória tão ardente que é de admirar que o papel não se queime. Mas não conseguem muito mais, pois o poder das criaturas não vai tão longe quanto o seu querer.

Porém, o Senhor pode o que nós não podemos. Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito Homem, não nos deixa um símbolo, mas a própria realidade: fica Ele mesmo. Irá para o Pai, mas permanecerá com os homens. Não nos deixará um simples presente que nos lembre a sua memória, uma imagem que se dilua com o tempo, como a fotografia que em breve se esvai, amarelece e perde sentido para os que não tenham sido protagonistas daquele momento amoroso. Sob as espécies do pão e do vinho encontra-se o próprio Cristo, realmente presente com seu Corpo, seu Sangue, sua Alma e sua Divindade.

5. Transladação do Santíssimo

A transladação do Santíssimo tem notícias históricas desde o século II. Mas o rito da adoração, na quinta-feira santa entrou na Igreja a partir do século XIII e foi difundindo-se até o século XV.

O que mais impulsionou foi a devoção ao Santíssimo Sacramento, a partir da segunda metade do século XIII, época em que o Papa Urbano IV decretou a festa de Corpus Christi para toda a Igreja (em 11 de agosto de 1264).

Foi, portanto, a prática devocional da eucaristia a principal responsável para a adoração ao Santíssimo na quinta-feira santa, após a missa da Ceia do Senhor.
O rito atual é muito simples e tem o seguinte significado: após a oração depois da comunhão, o Santíssimo é transladado solenemente em procissão para uma capela lateral ou para um dos altares laterais da igreja, devidamente preparado para receber o santíssimo.

Antes da transladação, o sacerdote prepara o turíbulo e incensa o Santíssimo três vezes. Depois, realiza-se uma pequena procissão dentro da igreja, que é precedida pelo cruciferário (pessoa que leva a cruz processional), velas e incenso.

Durante a procissão, canta-se o "Pange Língua", traduzido em português, "Vamos todos...", exceto as duas últimas estrofes, "tantum ergo" (tão sublime sacramento...) que são cantadas depois da chegada da procissão na capela lateral, onde ficará o Santíssimo.

Após a transladação, a comunidade é convidada a permanecer em adoração solene até um horário conveniente. O significado é de ação de graças pela eucaristia e pela salvação que celebramos nestes dias do Tríduo Pascal.
SEXTA-FEIRA SANTA

1. Sexta-feira Santa da Paixão do Senhor - Único dia durante o ano em que não se celebra missa, apenas distribui-se a comunhão. Nesta celebração somos convidados a compreender e a viver mais profundamente o mistério da cruz: o sofrimento e a morte assumidos por Cristo foram em vista da nossa salvação. A Paixão segundo o Evangelho de João apresenta a cruz como glorificação de Jesus, ela é sinal de salvação e de vitória (cf. Jo 3, 14).

A Cruz é símbolo de Cristo e da vida nova que ele nos oferece, por isso, ao reverenciarmos a cruz nós estamos adorando o próprio Redentor. A Oração Universal rezada nesta celebração nos faz lembrar que Cristo veio para que todos, sem distinção, tivessem vida em abundância.

SUGESTÕES PARA A CELEBRAÇÃO E A VIVÊNCIA DA LITURGIA

a) Criar clima de silêncio; o altar deve estar despojado, ou seja, sem cruz, sem toalha, sem candelabros, etc.; o Evangelho pode ser dialogado (assim como no domingo de Ramos ao ler a Paixão não se faz à saudação - O Senhor esteja convosco); a cruz (descoberta) pode entrar em procissão, trazida pelo presidente acompanhado com velas acesas enquanto canta três vezes "Eis o lenho da cruz..." - depois todos vão fazer a "adoração"; o modo comum é aquele em que o presidente coloca-se no altar (ou na frente do altar) com a cruz coberta (pano vermelho ou roxo) e aos poucos vai descobrindo-a (primeiro a parte de cima, depois o lado direito e por fim toda) enquanto canta "Eis o lenho da cruz..."; no momento da Adoração deve-se cantar algo apropriado, ou seja, cantos que lembrem o sacrifício de Cristo na cruz.

Lembretes: preparar antes uma toalha e o corporal para o momento da comunhão; esta celebração geralmente é feita às três da tarde (pode ser realizada mais tarde, porém não depois das nove da noite); pode-se organizar uma via-sacra ou caminhada silenciosa; convidar a todos para que depois da oração final retirar-se em silêncio. A cor é vermelha. Neste dia não se celebra a Eucaristia.

b) Guarda-se o jejum e a abstinência.

c) Só se celebram nestes dias os sacramentos da Unção dos enfermos e da Confissão.

d) Prepara-se tapete e almofadas para os sacerdotes (presidente e concelebrantes).

e) Os sacerdotes prostam-se, os demais ministros, coroinhas e povo ajoelham-se.

f) Prepara-se uma cruz que deve ser esplendorosa coberta com um véu vermelho e dois castiçais com velas (na credencia no fundo igreja).

g) Durante a adoração e o beijo devocional, canta-se hinos apropriados e salmos.

h) Depois da comunhão proceda-se à desnudação do altar, deixando a mesma cruz no centro do altar, com quatro castiçais.

i) Pode-se fazer até a hora da procissão do Senhor Morto a via-sacra.

j) Tendo a procissão do Senhor Morto, pode-se deixar o esquife a veneração pública, juntamente com a imagem de Nossa Senhora das Dores. Na procissão recomenda-se silêncio e orações e também o uso das matracas, bem como um carro de som com canto gregoriano, ou cantos penitenciais.

Na credencia:

a) Missal
b) Lecionário
c) Toalhas para o altar
d) Jogos completos de alfaias
e) Purificatório
f) Velas para o altar.
g) Âmbulas

2. PARALITURGIAS E PIEDADE POPULAR

Sexta-feira Santa: Sermão das 7 Palavras, descimento do Senhor Morto da cruz e procissão do Senhor morto (Em alguns lugares o povo tem a tradição de dar um beijo na imagem do Senhor morto.) É mais uma oportunidade para evangelizar, fazendo com que a devoção seja mais significativa, através dos vários grupos, movimentos, pastorais, etc. Destacar e dar um significado ao beijo das crianças, dos jovens, dos casais, dos homens e das mulheres, dos idosos, dos doentes, etc. Uma pequena paraliturgia pode ser preparada para este momento, com cânticos penitenciais e fazendo uma ligação com a Campanha da Fraternidade 2010.

3. MOMENTOS FORTES:

Elementos da Celebração

O elemento fundamental e universal da liturgia desse dia é a proclamação da Palavra, uma vez que a Igreja, por antiquíssima tradição, não celebra hoje a eucaristia. A celebração compõe-se de três partes:

a) A liturgia da Palavra

O evangelho, conforme uma longa tradição é o da Paixão segundo S. João (Jo 18,1-19.42). A Igreja reserva para este dia precisamente pela perspectiva com que o apóstolo apresenta a vida e a morte de Jesus.

A primeira leitura é o texto do profeta Isaías que narra a passagem do servo sofredor ( Is 52,13-53,12). É um trecho do quarto cântico do Servo de Javé. Com esta leitura é oferecida a imagem do Cristo sofredor, conduzido ao matadouro como uma ovelha muda, carregando todos os nossos pecados, causa da nossa justificação.

O Salmo responsorial é tirado do Sl 30, cujo versículo 6 Jesus pronunciou na cruz (Lc 23,46) "... Sou o opróbrio dos meus inimigos... Confio em ti, Senhor... Fazes brilhar tua face sobre teu servo...? A liturgia atribui a Jesus o Salmo inteiro, encontrando nele a descrição de sua paixão e de seu pleno abandono nas mãos do Pai.

A Segunda leitura, é proclamado um trecho da carta aos Hebreus ( 4,14-16;5,7-9). Ela nos mostra Cristo obediente que se torna causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem.

A.1) Oração Universal

Depois da leitura da Sagrada Escritura e da homilia, a liturgia da Palavra termina com as orações solenes (= Oração universal) segundo o esquema da antiga prece litúrgica: convite, intenções, prece em silêncio, "coleta" (= oração das preces por parte do presidente da assembleia).

São 10 súplicas: pela Igreja, pelo papa, pelas ordens sagradas e por todos os fiéis, pelos catecúmenos, pela unidade dos cristãos, pelos judeus, pelos não cristãos, pelos que não creem em Deus, pelos governantes e pelos atribulados...

Podemos assinalar a teologia que emerge do lugar que essas orações solenes ocupam depois da proclamação da palavra de Deus. A assembleia, iluminada pela palavra, abre-se à caridade orando pelas necessidades atuais, começando pela Igreja e assim por diante.

b) A adoração da Santa Cruz

Não se oferece o sacrifício eucarístico na Sexta-feira santa. Em lugar da eucaristia fazem-se a apresentação e a adoração da cruz. A atenção da Igreja se fixa no calvário. É um rito que nasce como consequência da proclamação da paixão de Jesus. Há nesta veneração o antigo costume de mostrar aos fiéis a cruz, descobrindo-a progressivamente enquanto se canta, três vezes, o Ecce lignum crucis (eis o lenho da cruz), ao que o povo responde: "Vinde, adoremos!" Para a adoração da cruz, aproximam-se os cristãos que exprimem sua adoração pela genuflexão, pelo beijo ou por outros sinais adequados. Ao terminar a adoração, põe-se a cruz sobre o altar, que é símbolo do sacrifício e sacerdócio de Jesus Cristo. A assembleia contempla seu Senhor (Jo 19,37).

C. Liturgia da comunhão

Terminada a liturgia da adoração da cruz, cobre-se o altar com uma toalha e traz-se o Santíssimo Sacramento. O presidente da assembleia adora-o, fazendo uma genuflexão. Pronuncia-se o Pai Nosso e o embolismo seguido da aclamação do povo, como nas missas. Em seguida dá-se a comunhão à comunidade.
Podemos dizer que o significado desta comunhão fundamenta-se em São Paulo, que alude a uma relação profunda e misteriosa entre a comunhão sacramental e a paixão e morte de Cristo. Na 1Cor 11,26 ele lembra: "Todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha." A Eucaristia também é participação da morte de Cristo (1Cor10,15-16).

A solene ação litúrgica da paixão e morte do Senhor termina com a oração pós comunhão, que é uma ação de graças pela nova vida que o Pai nos comunicou pela "morte e ressurreição" de seu Filho, e logo em seguida, a oração sobre o povo que menciona junto a morte e a ressurreição, pedindo que "venha o vosso perdão, seja dado o vosso consolo; cresça a fé verdadeira e a redenção se confirme", e o povo se retira em silêncio após esta bênção.

4 - O jejum pascal

Nesse dia observa-se o jejum chamado "pascal", porque nos faz reviver a passagem ("transitus") da paixão à alegria da ressurreição. É um sinal exterior da participação interior do sacrifício de Jesus (2Cor 4,11), e também como sinal de que chegamos aos dias em que nos tiraram o Esposo (cf. Lc 5,33-35). A tradição desse jejum é antiquíssima, atestada por Tertuliano e Hipólito que, em Roma, a celebração anual da Páscoa começava com o jejum da Sexta-feira santa e prolongava-se durante todo o Sábado, até a celebração da Vigília na noite entre o Sábado e o Domingo.

A Sacrossanctum Concilium, a constituição sobre a liturgia, prescreve: "Sagrado seja o jejum pascal, a se observar na Sexta-feira da Paixão e Morte do Senhor e, se for oportuno, a se estender também ao Sábado Santo, a fim de que se chegue com o coração livre e aberto às alegrias do Domingo da Ressurreição?” (SC 110). O jejum pascal não é um elemento secundário, mas parte integrante da celebração do tríduo pascal.

SÁBADO SANTO

1. Inicia-se na noite do Sábado Santo em memória da noite santa da ressurreição gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a chamada "A mãe de todas as santas vigílias", porque a Igreja mantém-se de vigília à espera da vitória do Senhor sobre a morte. Cinco elementos compõem a liturgia da Vigília Pascal: a benção do fogo novo e do círio pascal; a proclamação da Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor; a liturgia da Palavra, que é uma série de leituras sobre a história da Salvação; a renovação das promessas do Batismo e, por fim, a liturgia Eucarística.

SUGESTÕES PARA A CELEBRAÇÃO E A VIVÊNCIA DA LITURGIA

a) Pode continuar exposta durante o dia para a veneração dos fiéis, uma imagem do Cristo crucificado, ou morto bem como a imagem da Santíssima Virgem das Dores.

b) Pedir com antecedência que os fiéis tragam velas ou a paróquia oferece.
c) Evite-se com todo o cuidado que os salmos da vigília sejam substituídos por canções populares.

d) No canto do "Glória", tocam-se os sinos, e também se podem preparar fogos de artifício.

e) O círio Pascal é colocado no presbitério, ao lado do ambão. O pedestal onde ficará o círio poderá ser decorado com flores.

f) O tempo pascal vai até o dia de Pentecostes, nesse dia sairá solenemente do presbitério o Círio Pascal, o qual ficou todo esse tempo no presbitério. A partir desse dia só será usado, nas cerimônias do batismo e Crisma. (O Sacerdote poderá usar o Rito para apagar o Círio Pascal).

O que preparar:

Para o fogo:

a) Uma fogueira podendo ser na frente da Igreja e que seja bem expressiva, quer dizer, que sua luz possa clarear mesmo.

b) O Círio Pascal (que seja novo, nunca se deve reaproveitar o Círio do ano que passou).

c) Cinco cravos, com grãos de incenso colocados nos mesmos.

d) Um estilete, para fazer a incisão no círio.

e) Uma vela grande para o celebrante acender o círio com o fogo novo.

f) Lanterna para iluminar os textos que o celebrante há de recitar.

g) Pegador de macarrão, para o turiferário tirar as brasas acesas do fogo novo e colocá-las no turíbulo.

h) Candelabro para o círio pascal, posto junto do ambão.

i) Preparar um microfone e um bom som, para o celebrante e o comentarista, onde começará a cerimônia, com a bênção do fogo novo.

Para a liturgia batismal (se houver):

a) Recipiente com água;
b) Quando se administram os sacramentos da Iniciação Cristã: óleo dos catecúmenos, Santo Crisma, vela batismal, Ritual Romano.
c) Apagam-se as luzes da Igreja.
d) Mesmo não havendo batismo deve-se preparar um recipiente (sugiro talhas de barro) com água para a aspersão.
e) Caldeirinha (vazia) com hissope (ramos) para a hora da aspersão.

Benção do Fogo e Preparação do Círio:

a) O Celebrante vai com paramentos brancos, à sua frente vai um dos acólitos ou Ministro com o Círio Pascal.
b) Não se leva a cruz processional nem velas acesas.
c) O turiferário leva o turíbulo sem brasas com a naveta.

Procissão:

a) Depois de acender o Círio, o celebrante deita o incenso no turíbulo, se houver diácono ou padre concelebrante este levará o Círio Pascal, na falta destes o Celebrante principal o levará.

b) Organiza-se a procissão que entra na Igreja. À frente de quem leva o Círio (Padre ou Diácono), vai o turíbulo fumegando. Seguem-se outros ministros, coroinhas e todo o povo com as velas apagadas na mão.

c) À porta da Igreja, o celebrante (ou diácono) erguendo o Círio canta: "Eis a luz de Cristo!" e todos respondem: Graças a Deus!

d) Depois, o celebrante principal (ou diácono) avança até ao meio da Igreja, pára e, erguendo o Círio, canta a Segunda vez: "Eis à luz de Cristo!" e todos respondem: Graças a Deus! Todos acendem as suas velas. Passando o fogo de uns para os outros.

e) Ao chegar diante do altar, o celebrante (ou diácono) pára, e, voltado para o povo, canta pela terceira vez: "Eis a luz de Cristo!" e todos respondem: Graças a Deus! Em seguida coloca o Círio no candelabro preparado junto do ambão.

f) Acendem-se todas as luzes da Igreja.

Precônio Pascal:

a) O celebrante coloca incenso do turíbulo e benze-o como para o Evangelho na Missa.

b) Havendo diácono ou padre concelebrante este fará a proclamação da Páscoa.

c) Enquanto isso da cadeira o celebrante principal segura uma vela acesa na mão, de pé, para ouvir o precônio pascal.

d) Todos se conservam igualmente de pé com as velas acesas na mão.

e) Terminado o precônio pascal, todos apagam as velas e sentam-se.

f) Após a última leitura do Antigo Testamento, com o seu responsório e respectiva oração, acendem-se as velas do altar e é entoado solenemente o hino: "Glória a Deus nas alturas" neste momento tocam-se os sinos, e os demais instrumentos que até então estavam silenciosos. Neste momento, também o altar é decorado com arranjos de flores, que deverão estar preparados na sacristia.

g) Na proclamação do Evangelho, não levam as velas, somente o turíbulo fumegando.

h) Após o Evangelho, faz-se a homilia; proceda-se a liturgia batismal, se houver.

i) Havendo batismo, sua liturgia efetua-se junto a pia batismal ou mesmo no presbitério. Onde por antiga tradição, o batistério estiver localizado fora da Igreja, é lá que se tem de ir para a liturgia batismal.

j) Primeiro faz-se a chamada dos catecúmenos, que são apresentados pelos padrinhos ou se forem crianças, levados pelos pais e padrinhos.

k) A liturgia batismal acontecendo no presbitério, após a monição do celebrante principal, segue-se a ladainha cantada, à qual o povo responde, de pé, por ser tempo pascal.

l) Terminada a ladainha, o Celebrante principal, de pé, junto da fonte batismal, com as mãos estendidas, benze a água. Pode-se introduzir na mesma água o círio pascal, uma ou três vezes, como vem indicado no missal.

m) Terminada a benção da água e dita a aclamação pelo povo, o celebrante principal, interroga os “eleitos” adultos, para que façam à renúncia, segundo o Rito da Iniciação Cristã dos adultos, e os pais ou padrinhos das crianças, segundo o Rito para o batismo de criança.

n) Faz-se agora a unção com o óleo dos catecúmenos.

o) O celebrante interroga os eleitos a cerca de sua fé. Tratando-se de crianças, pede-se a profissão de fé dos pais e padrinhos ao mesmo tempo.

p) Após o interrogatório, o celebrante batiza os eleitos.

q) Terminado o batismo, acontece à unção com o óleo da crisma.

r) Após a unção o celebrante, acende a vela no Círio Pascal.

s) Terminada a oblação batismal e os atos complementares e efetua-se, o regresso aos bancos, em procissão e com as velas acessas. Durante o retorno, canta-se um canto batismal.

t) Sendo batizados adultos, é lhes administrado também o sacramento da confirmação.

Renovação das Promessas do Batismo:

a) Concluído o rito do batismo e da confirmação, ou, se não tiver havido nenhum nem outro, após a benção da água, o celebrante principal estando de pé voltado para o povo, recebe a renovação das promessas da fé batismal dos fiéis, que se conservam de pé com as velas acessas na mão.

b) Terminada a renovação das promessas do batismo, o celebrante principal ajudado pelos padres concelebrantes ou diáconos, se houver, asperge o povo com água benta, enquanto isso se canta um canto de sentido batismal.

c) Por fim, a missa decorre como de costume, e com solenidade.

d) Em algumas paróquias tem-se o costume de fazer a procissão do Senhor Ressuscitado e do triunfo de Nossa Senhora. Portanto, a Imagem de Jesus Ressuscitado, deve estar em um andor devidamente ornado para a procissão ou carreata após o término da Vigília pascal.

2. REFLEXÃO BÍBLICO-PASTORAIS

Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio e uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.

Ele vai antes de tudo à procura de Adão, nosso primeiro pai, ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.

O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: "O meu Senhor está no meio de nós". E Cristo respondeu a Adão: "E com teu espírito". E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará”.

Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo, e com todo o meu poder, ordeno aos que estavam na prisão: 'Saí!’; e aos que jaziam nas trevas: 'Vinde para a luz!'; e aos entorpecidos: 'Levantai-vos!'

Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te, ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só é indivisível pessoa.
Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tomei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci a terra e fui até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim no paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.

Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê na minha face às bofetadas que levei para restaurar, conforme a minha imagem, tua beleza corrompida.

Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar de teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso. Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.

Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso, mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.

Está preparado o trono dos querubins, prontos e a postos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o meio dos céus preparado para ti desde toda a eternidade". (De uma antiga Homilia no grande Sábado Santo - Liturgia das Horas)

DOMINGO DE PÁSCOA

Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor

1. Estamos em festa, portanto no Domingo da Ressurreição nenhum cristão pode ficar mais triste nem se sentir desamparado, pois algo de glorioso aconteceu: Cristo ressuscitou! Aleluia! Cabe-nos cantar jubilosos o grande sonho de Deus: que um dia ressuscitemos todos com o Cristo Senhor!

2. Todos os cristãos celebram neste dia a Ressurreição do Senhor.

" Passado o sábado, Maria de Magdala, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram perfumes para ir embalsamá-lo.

De manhã, ao nascer do sol, muito cedo, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro (...) Entrando no sepulcro, viram um jovem sentado à direita, vestido com uma túnica branca, e ficaram assustadas. Ele disse-lhes: «Não vos assusteis!

Buscais a Jesus de Nazaré, o crucificado? Ressuscitou; não está aqui»" Mc 16

SUGESTÕES PARA A CELEBRAÇÃO E A VIVÊNCIA DA LITURGIA

a) Hoje são proibidas todas as outras celebrações, e todas as Missas de defuntos.

b) Proibidas as Missas em oratórios privados.

c) A Missa do dia de Páscoa deve ser celebrada com grande solenidade. Em vez do ato penitencial, deve fazer-se a aspersão com água benzida (na Vigília), para recordar o batismo.
d) O círio pascal, a colocar junto do ambão ou do altar, deve acender-se nas celebrações litúrgicas mais solenes deste tempo, ou seja, na Missa, nas Laudes e nas Vésperas, até ao Domingo de Pentecostes.

Depois do Domingo de Pentecostes, o círio pascal deve manter-se em lugar de honra no batistério, para que, na celebração do batismo, nele se acendam as velas dos batizados. Nas exéquias, deve colocar-se o círio pascal junto do túmulo, para lembrar que a morte, para o cristão, é a sua verdadeira páscoa. Fora do Tempo da Páscoa o círio pascal não deve utilizar-se nem acender-se no presbitério.

e) Onde estiver em uso, conserve-se com toda a diligência ou, se for possível, introduza-se o
costume de celebrar, no dia de Páscoa, as Vésperas batismais. Ao celebrá-las, enquanto se cantam os salmos vai-se em procissão até à fonte batismal.

f) Com as Vésperas do Domingo da Ressurreição encerra-se o Tríduo Pascal.

REFLEXÕES BÍBLICO-PASTORAIS

1. Nexo entre as leituras

A fé na ressurreição do Senhor é o tema fundamental deste dia. "Esse é o dia que o Senhor fez: seja para nós dia de alegria e de felicidade", canta o salmo 117,24. É o domingo por excelência. É o dia em que Cristo expressou o seu poder soberano vencendo a morte e que, consequentemente, é motivo de alegria para todos os cristãos. Pedro, no seu discurso, proclama que Deus o mandou pregar ao povo e testemunhar a ressurreição de Cristo.

Os apóstolos são as testemunhas que viram o ressuscitado, que comeram e beberam com Ele. Eles receberam a missão de pregar que Cristo ressuscitado tinha sido constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos (primeira leitura). São Paulo ressalta de modo especial que a ressurreição do Senhor instaura uma nova vida no batizado. O cristão é aquele que morreu e ressuscitou com Cristo para uma vida nova. A fé na ressurreição é a rocha firme para São Paulo, o lugar onde se firma todo o seu dinamismo apostólico (segunda leitura). No evangelho, Pedro e João entram no sepulcro, "vêem e crêem".

O sepulcro vazio é o início de uma meditação que os leva à fé em Cristo ressuscitado.

2. Mensagem Doutrinal

a. Cristo ressuscitou: "A ressurreição de Jesus é a verdade culminante da nossa fé em Cristo", nos diz o Catecismo da Igreja Católica (nº. 638). A comunidade cristã dos primeiros tempos viveu esta verdade como o centro da sua existência. Todas as suas certezas -sua caridade, visível para todos, sua serenidade diante do martírio, seu amor pela Eucaristia- tudo fazia referência ao mistério pascal de Cristo, a sua morte e ressurreição. "Se Cristo não ressuscitou, vã é nossa fé", argumenta São Paulo.

Da mesma forma como as primeiras comunidades cristãs viviam da fé na ressurreição do Senhor, todos os cristãos foram chamados a viver mais profundamente o mistério da ressurreição. "Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto" (Col 3, 1). Para o fiel, a ressurreição é um dado culminante da sua fé em Cristo; através da ressurreição, todas as promessas do Antigo Testamento se confirmam. O Senhor foi fiel ao seu amor, sem limites, com superabundância. Através da ressurreição se confirma à divindade do Senhor: verdadeiro Deus e verdadeiro homem.

A ressurreição nos ensina a verdade íntima sobre Deus (Deus é amor) e sobre a salvação humana. No mistério pascal, Cristo leva a revelação de Deus à sua plenitude. Auto-revelação definitiva de Deus. Por isso, a tese do caráter incompleto, limitado e imperfeito da revelação em Cristo, que deveria ser completada com a revelação de outras religiões, é contrária à fé da Igreja Católica (cf. Domine Iesus, nº. 6).

b. As mulheres são as primeiras a anunciar a ressurreição: "Por que procurais Aquele que vive entre os mortos? Ele não está aqui; ressuscitou" (Lc 24, 5-6).

Estas palavras, daqueles "dois personagens com vestes resplandecentes", aumentam a confiança das mulheres que foram até o sepulcro. Elas tinham vivido os trágicos acontecimentos que terminaram com a crucifixão de Cristo no Calvário; tinham experimentado a tristeza e a desorientação. Mas não abandonaram o Senhor no momento da prova. Escondidas, vão até o lugar onde Jesus tinha sido enterrado para vê-lo de novo e abraçá-lo pela última vez. O amor as impulsiona; aquele mesmo amor que as fez segui-lo pelos caminhos da Galiléia e da Judéia, até o Calvário. Mulheres bem-aventuradas! Elas ainda não sabiam que aquela era a aurora do dia mais importante da história. Não podiam saber, justamente elas, que seriam testemunhas da ressurreição de Jesus (cf. João Paulo II, Homilia da Vigília Pascal, 1988).

O evangelho nos conta que as mulheres foram as primeiras mensageiras da ressurreição do Senhor, inclusive antes dos apóstolos. A mulher tem uma particular sensibilidade religiosa e humana. Compreende de maneira mais rápida e intuitiva as verdades religiosas e as verdades humanas. Tendem espontaneamente ao valor religioso, à proteção da vida humana, ao cuidado dos mais fracos. Elas tiveram a missão de anunciar o triunfo definitivo de Cristo sobre a morte. A mulher experimenta, como mostra o Evangelho, uma particular fortaleza de espírito, porque compreende que tem a missão de cuidar, de algum modo, do bem dos homens.

No nosso mundo pós-moderno, fortemente relativista e sem fé, a mulher cristã é chamada a ser de novo a mensageira privilegiada das verdades cristãs. No lar, ela irradiará o amor, a compreensão, e educará a família nos valores sobrenaturais. Podemos dizer que depende da mulher, em grande medida, a fé do lar, porque ela a transmite não só com as palavras, mas com a vida, as atitudes, a capacidade de sofrimento, de perdão. Ela, no seio da família, no seio de uma comunidade religiosa, no seio da sociedade, na vida pública, nos hospitais, nas escolas, é quem faz presentes os valores transcendentes e, o que é mais importante, é quem revela Deus como amor, quem mostra Cristo ressuscitado e conduz as pessoas até Ele. Ela é a mestra da fé. Ela é o sol da família e da sociedade.

c. A esperança cristã: A solenidade da ressurreição do Senhor abre uma nova esperança para o homem. O poder de morte do pecado foi vencido pela força do amor, pela ressurreição do Senhor. Agora o homem pode esperar, apesar de toda aparência de fracasso. Agora o homem pode olhar com confiança para o futuro, não obstante os múltiplos perigos que o cercam nesta vida. Agora o homem pode empreender o caminho da vida lutando pela verdade com amor, com coragem, sabendo que não será defraudado.

Quem estiver se sentindo presa do desânimo, venha contemplar o mistério da redenção; quem estiver se sentindo desesperado diante do mal, não deserte: Cristo ressuscitou! Quem estiver preso pelo desespero, pela fraqueza física, psíquica ou moral, que perceba que a morte foi vencida e que o homem descobriu o rosto amoroso de Deus. Como é grande o amor que Deus teve por nós, a ponto de nos enviar seu Filho para morrer e ressuscitar, nos abrindo as portas do paraíso! Que todos os corações readquiram hoje a sua confiança: Cristo ressuscitou!

Feliz Páscoa! Feliz Ressurreição!

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.

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Postado por FREI FERNANDO,OFMConv. no A CAMINHO DA ETERNIDADE em 3/27/2010 10:32:00 AM

quinta-feira, 25 de março de 2010

A Semana Santa: simbolos e significado


A Igreja propõe aos cristãos os sagrados mistérios da Paixão, Morte e Ressurreição do Filho de Deus, tornado Homem, para no martírio da Cruz e na vitória sobre a morte, oferecer a todos os homens a graça da salvação.

Domingo de Ramos

O Domingo de Ramos dá início à Semana Santa e lembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, aclamado pelos judeus.A Igreja recorda os louvores da multidão cobrindo os caminhos para a passagem de Jesus, com ramos e matos proclamando: “Hosana ao Filho de Davi. Bendito o que vem em nome do Senhor”. (Lc 19, 38; Mt 21, 9). Com esse gesto, portando ramos durante a procissão, os cristãos de hoje manifestam sua fé em Jesus como Rei e Senhor.

Quinta-feira Santa

Celebramos a Instituição do Sacramento da Eucaristia. Jesus, desejoso de deixar aos homens um sinal da sua presença antes de morrer, instituiu a eucaristia. Na Quinta-feira Santa, destacamos dois grandes acontecimentos:

Bênção dos Santos Óleos

Não se sabe com precisão, como e quando teve início a bênção conjunta dos três óleos litúrgicos. Fora de Roma, esta bênção acontecia em outros dias, como no Domingo de Ramos ou no Sábado de Aleluia. O motivo de se fixar tal celebração na Quinta-feira Santa deve-se ao fato de ser este último dia em que se celebra a missa antes da Vigília Pascal. São abençoados os seguintes óleos:

Óleo do Crisma - Uma mistura de óleo e bálsamo, significando a plenitude do Espírito Santo, revelando que o cristão deve irradiar “o bom perfume de Cristo”. É usado no sacramento da Confirmação (Crisma), quando o cristão é confirmado na graça e no dom do Espírito Santo, para viver como adulto na fé. Este óleo é usado também no sacramento para ungir os “escolhidos” que irão trabalhar no anúncio da Palavra de Deus, conduzindo o povo e santificando-o no ministério dos sacramentos. A cor que representa esse óleo é o branco ouro.

Óleo dos Catecúmenos - Catecúmenos são os que se preparam para receber o Batismo, sejam adultos ou crianças, antes do rito da água. Este óleo significa a libertação do mal, a força de Deus que penetra no catecúmeno, o liberta e prepara para o nascimento pela água e pelo Espírito. Sua cor é vermelha.

Óleo dos Enfermos - É usado no sacramento dos enfermos, conhecido erroneamente como “extrema unção”. Este óleo significa a força do Espírito de Deus para a provação da doença, para o fortalecimento da pessoa para enfrentar a dor e, inclusive a morte, se for vontade de Deus. Sua cor é roxa.

Instituição da Eucaristia e Cerimônia do Lava-pés

Com a Missa da Ceia do Senhor, celebrada na tarde de quinta-feira, a Igreja dá início ao chamado Tríduo Pascal e comemora a Última Ceia, na qual Jesus Cristo, na noite em que vai ser entregue, ofereceu a Deus Pai o seu Corpo e Sangue sob as espécies do Pão e do Vinho, e os entregou para os Apóstolos para que os tomassem, mandando-lhes também oferecer aos seus sucessores. Nesta missa faz-se, portanto, a memória da instituição da Eucaristia e do Sacerdócio. Durante a missa ocorre a cerimônia do Lava-Pés que lembra o gesto de Jesus na Última Ceia, quando lavou os pés dos seus apóstolos.O sermão desta missa é conhecido como sermão do Mandato ou do Novo Mandamento e fala sobre a caridade ensinada e recomendada por Jesus Cristo. No final da Missa, faz-se a chamada Procissão do Translado do Santíssimo Sacramento ao altar-mor da igreja para uma capela, onde se tem o costume de fazer a adoração do Santíssimo durante toda a noite.

Sexta-feira Santa

Celebra-se a paixão e morte de Jesus Cristo. O silêncio, o jejum e a oração devem marcar este dia que, ao contrário do que muitos pensam, não deve ser vivido em clima de luto, mas de profundo respeito diante da morte do Senhor que, morrendo, foi vitorioso e trouxe a salvação para todos, ressurgindo para a vida eterna. Às 15 horas, horário em que Jesus foi morto, é celebrada a principal cerimônia do dia: a Paixão do Senhor. Ela consta de três partes: liturgia da Palavra, adoração da cruz e comunhão eucarística. Depois deste momento não há mais comunhão eucarística até que seja realizada a celebração da Páscoa, no Sábado Santo.

Sábado Santo

No Sábado Santo ou Sábado de Aleluia, a principal celebração é a “Vigília Pascal”.

Vigília Pascal

Inicia-se na noite do Sábado Santo em memória da noite santa da ressurreição gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a chamada “a mãe de todas as santas vigílias”, porque a Igreja mantém-se de vigília à espera da vitória do Senhor sobre a morte. Cinco elementos compõem a liturgia da Vigília Pascal: a bênção do fogo novo e do círio pascal; a proclamação da Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor; a liturgia da Palavra, que é uma série de leituras sobre a história da Salvação; a renovação das promessas do Batismo e, por fim, a liturgia eucarística.

Domingo de Páscoa

A palavra “páscoa” vem do hebreu “Peseach” e significa “passagem”. Era vivamente comemorada pelos judeus do Antigo Testamento. A Páscoa que eles comemoram é a passagem do mar Vermelho, que ocorreu muitos anos antes de Cristo, quando Moisés conduziu o povo hebreu para fora do Egito, onde era escravo. Chegando às margens do Mar Vermelho, os judeus, perseguidos pelos exércitos do faraó teriam de atravessá-lo às pressas. Guiado por Deus, Moisés levantou seu bastão e as ondas se abriram, formando duas paredes de água, que ladeavam um corredor enxuto, por onde o povo passou. Jesus também festejava a Páscoa. Foi o que Ele fez ao cear com seus discípulos. Condenado à morte na cruz e sepultado, ressuscitou três dias após, num domingo, logo depois da Páscoa judaica. A ressurreição de Jesus Cristo é o ponto central e mais importante da fé cristã. Através da sua ressurreição, Jesus prova que a morte não é o fim e que Ele é verdadeiramente o Filho de Deus. O temor dos discípulos em razão da morte de Jesus, na Sexta-Feira, transforma-se em esperança e júbilo. É a partir deste momento que eles adquirem força para continuar anunciando a mensagem do Senhor. São celebradas missas festivas durante todo o domingo.

A data da Páscoa

A fixação das festas móveis decorre do cálculo que estabelece o Domingo da Páscoa de cada ano. A Páscoa deve ser celebrada no primeiro domingo após a primeira lua cheia que segue o equinócio da primavera, no Hemisfério Norte (21 de março). Se esse dia ocorrer depois do dia 21 de abril, a Páscoa será celebrada no domingo anterior. Se, porém, a lua cheia acontecer no dia 21 de março, sendo domingo, será celebrada dia 25 de abril. A Páscoa não acontecerá nem antes de 22 de março, nem depois de 25 de abril. Conhecendo-se a data da Páscoa, conheceremos a das outras festas móveis. Domingo de Carnaval - 49 dias antes da Páscoa. Quarta-feira de Cinzas - 46 dias antes da Páscoa. Domingo de Ramos - 7 dias antes da Páscoa. Domingo do Espírito Santo - 49 dias depois.Corpus Christi - 60 dias depois.

Símbolos da Páscoa

Cordeiro: O cordeiro era sacrificado no templo, no primeiro dia da páscoa, como memorial da libertação do Egito, na qual o sangue do cordeiro foi o sinal que livrou os seus primogênitos. Este cordeiro era degolado no templo. Os sacerdotes derramavam seu sangue junto ao altar e a carne era comida na ceia pascal. Aquele cordeiro prefigurava a Cristo, ao qual Paulo chama “nossa páscoa” (1Cor 5, 7).
João Batista, quando está junto ao Rio Jordão em companhia de alguns discípulos e vê Jesus passando, aponta-o em dois dias consecutivos dizendo: “Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jô 1, 29 e 36).Isaías o tinha visto também como cordeiro sacrificado por nossos pecados ( Is 53, 7-12). Também o Apocalipse apresenta Cristo como cordeiro sacrificado, agora vivo e glorioso no céu. ( Ap 5,6.12; 13, 8).

Pão e vinho: Na ceia do Senhor, Jesus escolheu o pão e o vinho para dar vazão ao seu amor. Representando o seu corpo e sangue, eles são dados aos seus discípulos para celebrar a vida eterna.

Cruz: A cruz mistifica todo o significado da Páscoa na ressurreição e também no sofrimento de Cristo. No Conselho de Nicéia, em 325 d.C., Constantino decretou a cruz como símbolo oficial do cristianismo. Símbolo da Páscoa, mas símbolo primordial da fé católica.

Círio Pascal: É uma grande vela que é acesa no fogo novo, no Sábado Santo, logo no início da celebração da Vigília Pascal. Assim como o fogo destrói as trevas, a luz que é Jesus Cristo afugenta toda a treva do erro, da morte, do pecado. É o símbolo de Jesus ressuscitado, a luz dos povos. Após a bênção do fogo acende-se, nele, o Círio. Faz-se a inscrição dos algarismos do ano em curso; depois cravam-se cinco grãos de incenso que lembram as cinco chagas de Jesus, e as letras “alfa” e “ômega”, primeira e última letra do alfabeto grego, que significam o princípio e o fim de todas as coisas.

Ir. Ili Alves Coordenadora diocesana da Catequese da Diocese de Palmas -Francisco Beltrão
So site http://www.comshalom.org

segunda-feira, 22 de março de 2010

Escatologia


Esse nosso mundo já está em célere julgamento...
Muita atenção ó habitantes da terra...
“O machado já está posto à raiz das árvores:
toda árvore que não produzir bons frutos...
será cortada e lançada ao fogo”. (Mt 3,10).

No entanto,
não é preciso ter medo,
mas somente amar e confiar...
Ora, quem é justo sabe disso...
por isso não se arvora em juiz de ninguém...
porque também se sente réu...

A verdade está presente em toda parte...
até mesmo no coração de quem a contradiz...
Para onde olhamos, ei lá bela formosura...
Ternura de um Deus apaixonado...
que nos livra do pecado e de todo mal...
E não quer a morte de ninguém...

Quem Nele crê, o ama e segue...
Faz tudo o é do seu agrado...
exime-se do pecado,
porque sabe que o pecado...
não passa de uma mentira...
perversamente elaborada...

E quando digo do pecado...
Digo da maldade praticada por muitos e muitos...
em detrimento do bem que poderiam viver e fazer...
Por isso, o julgamento desse mundo é iminente...
Porque somos os únicos viventes...
capazes de livremente decidir...
Só que, as decisões que têm sido tomadas,
são um atentado permanente contra a vida...
de tudo e de todos...

Nesse caso,
o que fazer frente à tamanha insensatez humana,
antes que chegue o caos total?
A resposta está no anúncio de Jesus Cristo,
o Filho de Deus Vivo:
"Completou-se o tempo...
e o Reino de Deus está próximo;
fazei penitência e crede no Evangelho." (Mc 1,15).

Logo...
Esse seu anúncio se faz mais do que necessário...
Tendo em vista que ainda é tempo de conversão...
Sem dúvidas...
as dores do parto já começaram...
Todavia, nenhum sofrimento é ou será em vão...
De fato, é preciso que aconteçam certos sinais...
para que todos saibam da proximidade do fim...
e que o Filho do Homem está às portas...

Porém...
“Quanto àquele dia e àquela hora,
ninguém o sabe,
nem mesmo os anjos do céu,
mas somente o Pai”. (Mt 24,36).

...
(Cf. Mt 24,4-14)
...

Paz e Bem!

Frei Fernando,OFMConv.
Postado por FREI FERNANDO,OFMConv. no A CAMINHO DA ETERNIDADE em 3/22/2010 02:54:00 PM

sábado, 20 de março de 2010

Seminário de Vida no Espírito Santo


Amatíssimos irmãos(ãs), a paz de nosso Senhor Jesus Cristo e proteção de Nossa Senhora
Mãe da Divina providência!


Nós do Grupo de oração Discípulos de Emaús(RCC), visando amplo crescimento espiritual e experiência pessoal com o amor de Deus, vimos convidar toda a comunidade em geral, a participar do Seminário de vida no Espírito Santo, momento ímpar de encontro pessoal e íntimo com Jesus Cristo, pela graça do Seu amor.
Lembramos que o mesmo acontece nos dias 20 e 21 deste mês de março,começando na tarde de sábado, às 14h, com a recitação do santo terço, louvor e adoração, e pregações sobre os temas: O semeador; Amor de Deus; pecado e salvação; Fé e conversão; Jesus É o Senhor; Cura interior; Batismo no Espírito Santo; Amor aos irmãos e vida em comunidade.
Este encontro será realizado sábado, no auditório da Secretaria de Educação, e no domingo, no Salão Paroquial São Pedro de Alcântara, durante todo o dia.
Venha viver conosco esse momento de graça, você e sua família são mais que convidados a beber desse amor de Deus.



Fraternalmente, Misia Garlênia Soares da Silva
Coordenadora do Grupo de Oração Discípulos de Emaús

quarta-feira, 17 de março de 2010

Nomeado novo bispo da Diocese de Floriano, no Piauí


O Papa Bento XVI nomeou hoje, 17, padre Valdemir Ferreira dos Santos, da Arquidiocese de Vitória da Conquista (BA) como novo bispo da diocese de Floriano (PI). O padre irá suceder a Dom Augusto Alves da Rocha, 76, que pediu renúncia após completar 75 anos, conforme prescreve o cânon 401 parágrafo 1º do Código de Direito Canônico.

Ordenado padre em 1987, padre Valdemir é baiano da cidade de Nova Canaã e completará 50 anos no próximo dia 30 de março. Atualmente é vigário episcopal e ecônomo da Arquidiocese de Vitória da Conquista (BA), além de pároco da paróquia Nossa Senhora das Candeias, em Vitória da Conquista.

O novo bispo fez seus estudos de filosofia no Seminário Maior do Nordeste de Minas, em Teófilo Otoni (MG), e de teologia na Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo. Em 2002, obteve a licença em teologia bíblica, na Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino, em Roma.

Na Arquidiocese de Vitória da Conquista, foi moderador das paróquias de Iguaí, Nova Canaã e Ibicuí (1987). Foi pároco da paróquia Nossa Senhora das Graças, em Vitória da Conquista. Coordenou a catequese na arquidiocese por dez anos e, durante três anos, foi professor no Instituto Diocesano de Filosofia.

Exerceu, ainda, a função de vice-reitor e reitor do Seminário Maior de Filosofia e reitor do Seminário propedêutico. Durante dois anos, foi presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Desde 2007 é diretor da Escola de Formação Diaconal, sendo ainda vigário episcopal do Vicariato São Lucas, membro do Conselho Presbiteral e do Colégio de Consultores.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, por meio de sua Assessoria de Imprensa, saúda o novo bispo e lhe deseja frutuoso trabalho nesta nova missão que lhe é confiada pelo Papa. Ao mesmo tempo agradece a Dom Augusto pelo zelo pastoral com que serviu ao povo de Deus na diocese de Floriano.


Fonte: Canção Nova

sexta-feira, 12 de março de 2010

MARIA É UMA DEUSA PAGÃ?


O texto abaixo parece longo mas é extremamente formador para nós, católicos autênticos. Temos que defender a nossa mãe, sua importância no universo, temos que aprender a dizer para quem não gosta de Maria, que nossa devoção tem origem bíblica. Leia...

O evangélico Ralph Woodrow(1) sustentou que Maria era uma deusa pagã e escreveu um livro muito popular ligando o Catolicismo ao paganismo, baseando-se em um livro escrito em 1857 por Alexander Hislop chamado "As Duas Babilônias". Depois que a seriedade das pesquisas de Hislop foram questionadas, Woodrow resolveu pesquisar o assunto por conta própria... e ficou boquiaberto ao descobrir que as pesquisas de Hislop, se não escandalosas, foram no mínimo falhas. Dessa forma, tirou de circulação seu primeiro livro e publicou outro em seu lugar chamado "A Conexão Babilônia". Neste livro, nas páginas 33-38, Woodrow aborda detalhadamente os argumentos de Hislop contrários a Maria. Ele se envergonha dos seus irmãos evangélicos que utilizam este enfoque para condenar a relação existente entre a Igreja Católica e Maria e pede desculpas por ter propagado anteriormente esses pontos de vista. Ele permanece como evangélico, porém já não associa a Igreja Católica com o paganismo.

Problemas oriundos do Sincretismo

Um estudo cuidadoso e honesto dos cultos da(s) deusa(s) pagã(s) revelaram que, tirando alguns raros símbolos superficiais (p.ex.: a deusa ser considerada virgem ou mãe), não há nada em comum com a relação católica com Maria. A relação dos católicos com Maria não pode ser comparada à adoração profana e corrompida que era oferecida à(s) deusa(s). A deusa Gaia (=a mãe terra) é um símbolo de tudo o se que opõe ao que cremos sobre Maria. Maria não nos obriga a adorar a terra, nem nos faz exaltar o prazer sexual fora do matrimônio; Maria não permitiria jamais que profanássemos o nome de seu Filho Jesus. Maria não alimenta o culto de outras religiões em detrimento à mensagem de seu Filho. Maria está próxima apenas disto e somente isto: seu Filho Jesus.

"...cada católico romano que conheci vê Maria como uma mulher irrepreensível, uma virgem totalmente dedicada a Deus e à prática das virtudes. Nenhum destes atributos pode ser atribuído à deusa pagã Semíramis. Seu estilo de vida é exatamente o contrário." (Woodrow, pág. 35).

Os primeiros cristãos, convertidos do paganismo, abandonaram a obscuridade e a superstição de sua antiga fé. Muitos deles se tornaram mártires, entregando suas vidas ao invés de oferecer incenso a uma imagem de César. Nunca adoraram Gaia, Ísis ou Cibele, inclusive sob o aspecto da Mãe de Jesus.

Acusar a Igreja primitiva de ter duvidado da sinceridade de conversão dos pagãos? Estes convertidos eram atirados aos leões por sua fé em Jesus. Por que continuariam a sustentar os seus antigos deuses pagãos? Os cristãos consideravam as deidades pagãs como demônios e a fórmula do batismo exigia (e continua a exigir) a renúncia a Satanás. Com efeito, para receber o Batismo, os catécumenos deviam renunciar seus antigos deuses. Como poderiam continuar adorando aos demônios após terem renunciado a eles? E como poderiam identificar a Mãe do Salvador com demônios impostores? Entendo que as pessoas que promovem esta teoria não são práticos, racionais ou sérios em suas investigações.

Maria é uma cristã "renascida", que recebeu o Espírito Santo em Pentecostes e falou em línguas 2000 anos antes dos pentecostais terem recebido este dom (Atos 1,14-2,3). Ela sabe como orar (sim, inclusive em línguas).

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1Ralph Woodrow, The Babylon Connection, (Palm Springs, CA: Ralph Woodrow Evangelistic Association, 1997, pág. 34). De qualquer forma, "A Conexão Babilônia" é, em sua maior parte, uma sonora refutação às acusações de "paganismo" que se tem levantado contra a Igreja Católica. Os parágrafos citados aqui são um bom exemplo disso.

Coliridianos?

Assim era denominada uma pequena seita do século IV na Arábia. Composta majoritariamente por mulheres que abertamente adoravam a bem-aventurada Virgem, ofereciam-lhe refeições durante suas cerimônias religiosas. Alguns observam que este é um exemplo de antigos pagãos adorando Maria como "deusa".

Ora, os coliridianos não eram católicos, mas uma religião sincrética que, da mesma forma que os gnósticos e outros grupos daquele tempo, mesclava práticas de várias tradições religiosas. Eram hereges: tomaram a figura de Maria do Catolicismo e lhe ofereciam sacrifícios (a respeito dos sacrifícios oferecidos a algumas deusas pagãs, ver Jeremias 44,18-19). Foi uma rara mesclagem de crenças contraditórias e foi, de fato, condenado pela Igreja Católica. Só viemos a conhecer da existência desta pequena seita porque Santo Epifânio, um dos Padres da Igreja, os condenou em um de seus escritos chamado "Panarion".

Mãe de Deus?

Recebi um e-mail dizendo: "Maria necessitava de um salvador". Os católicos concordam que Maria necessitava de um Salvador. Ela foi salva por seu Filho e, ao mesmo tempo, foi sua mãe:

"Minha alma glorifica ao Senhor,

E meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador,

Porque olhou para a baixeza de sua escrava

Por isso, todas as gerações me chamarão bem-aventurada" (Lucas 1,46-49)

Maria necessitava de um Salvador E todas as gerações a chamarão bem-aventurada.

Alguns evangélicos entendem que Maria é uma "deusa católica" em razão do título mariano "Mãe de Deus"(2). Em razão disto, pensam que os católicos a chamam desta forma porque crêem que deu a Jesus sua divindade.

Jesus nasceu de Maria para se fazer homem. Se ela fosse um ser divino, como teria ele, Jesus, derivado sua natureza humana a partir dela, Maria?

A maioria dos cristãos diria que é impossível separar a divindade de Jesus de sua humanidade. Ele é, ao mesmo tempo, totalmente Deus e totalmente homem. Há uma união inseparável destas duas naturezas de Deus e Homem em Jesus Cristo. Chamamos Maria de "Mãe de Deus" porque Jesus é Deus e ela é sua mãe. Já que as duas naturezas de Jesus (divina e humana) são inseparáveis, os católicos crêem que é apropriado chamar Maria de Mãe de Deus. Isabel disse: "Quem sou eu para que a Mãe do meu Senhor venha me visitar?" (Lucas 1,43). Logo, este não é um título pagão, mas sim um título bíblico.

Transcrevo aqui o que Martinho Lutero, fundador da Reforma [Protestante], disse a respeito do título mariano "Mãe de Deus":

"São Paulo disse: 'Deus enviou seu Filho, nascido de mulher'. Estas palavras, que tenho por verdadeiras, realmente sustentam com toda firmeza que Maria é Mãe de Deus" (Martinho Lutero, Obras de Martinho Lutero, volume 7, pág. 592).

"Este artigo de fé - que Maria é a Mãe de Deus - está presente na Igreja desde os seus primórdios e não é uma nova criação oriundo de concílio, mas a apresentação feita pelo Evangelho e as Escrituras" (Martinho Lutero, Obras de Martinho Lutero, volume 7, pág. 572).

"É certo que Maria é a Mãe do real e verdadeiro Deus" (Martinho Lutero, Obras de Martinho Lutero, volume 24, pág. 107).

"...ela é corretamente chamada não apenas mãe do homem, mas também Mãe de Deus... é certo que Maria é a Mãe do real e verdadeiro Deus" (Martinho Lutero, Sermão sobre João 14,16: Obras de Martinho Lutero, volume 24, p. 107 - St. Louis, Pelican, Concordia).

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2Este título foi usado pelos cristãos desde cedo.

Maria é a deusa pagã Ishtar?

A declaração de "Rainha do Universo" feita pela Lumen Gentium (constituição católica de 1964) provocou que certas pessoas pensassem que a Igreja Católica estava colocando Maria como cabeça do céu. Eles fizeram observar que "Rainha do Céu" foi um título atribuído à deusa Ishtar, por seus devotos na Babilônia (Jeremias 44,18-19). Inclusive chegaram a propagar que de algum modo isto prova que Maria e Ishtar são a mesma pessoa e que os católicos na verdade adoram Ishtar quando honram Maria.

Primeiramente, vamos ver a citação da Escritura que é usada contra a Igreja Católica nesta matéria:

"Por acaso não vês o que eles fazem nas cidades de Judá e nas ruas de Jerusalém? Os filhos recolhem lenha, os pais acendem o fogo, as mulheres amassam a pasta para fazer bolos para a Rainha do Céu e se derramam libações a outros deuses a fim de ofender-me" (Jeremias 7,17-18).

Ora, jamais a Igreja Católica ofereceu refeições (ou qualquer outro sacrifício a Maria). A passagem, ademais, diz: "e se derramam libações a outros deuses". Os católicos nunca apresentaram qualquer oferenda a outro que não seja o único Deus verdadeiro descrito na Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo).

O propósito com que foi dado [tal título] a Maria encontra-se delineado na Escritura: "Minha alma glorifica ao Senhor e meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador" (Lucas 1,46).

Muitos reis de diferentes nações são chamados "Sua Majestade" por seus súditos, porém isso não prova que todos eles são a mesma pessoa! Numerosos foram os pagãos que chamavam seus deuses de "Pai", como Zeus ("Pai dos deuses e dos homens") e Odin ("Pai de todos"). No entanto, isto não significa que Zeus e Odin possam ser confundidos com Deus Pai.

Eu me chamo David. Existiram muitos assassinos chamados David e também magníficos líderes chamados David. Obviamente que não sou nenhum deles; eu sou eu. E Maria, a Mãe de Jesus é Maria, Mãe de Jesus.

Talvez seja compreensível que os evangélicos tenham se alarmado com a declaração de Maria como "Rainha", dado o contexto cultural desta geração. Vivemos um momento em que a Rainha da Inglaterra é a autoridade máxima de Commonwealth. Não há um rei. É ela quem manda, ela é o centro; todos nós falamos sobre a rainha e cantamos "Deus salve a rainha". Desta forma, é natural que nosso entendimento contemporâneo quanto a rainha é que se trata de alguém com autoridade máxima. Porém, o que ocorre com a rainha quando existe um rei? Quem detém a autoridade? Na lei de Commonwealth, quando há um rei a rainha não possui nenhuma espécie de autoridade, a não ser o direito de sussurar no ouvido do rei para influenciar alguma decisão.

JESUS É O REI. Ele é. Maria é a Rainha; significa que ela não possui qualquer autoridade senão a de que pode sussurrar-lhe ao ouvido (João 3,3). Deste modo, não creio que chamar Maria de "Rainha do Universo" diminui a autoridade do Rei Jesus. Na verdade, a reforça. Que Rei respeitável não possui uma rainha?

Os católicos sustentam com as Escrituras o reinado de Maria. Apocalipse 11,19 diz:

"Então o templo de Deus no céu se abriu e a Arca da Aliança foi vista em seu templo... um grande sinal apareceu no céu: uma mulher revestida do sol, com a lua sob os pés e uma coroa de doze estrelas sobre sua cabeça. Ela estava grávida... e deu à luz um filho varão que reinará sobre todas as nações com cetro de ferro... Porém, o filho foi elevado até Deus e até seu trono..."

Esta passagem apresenta Jesus como Rei. E também apresenta sua Mãe portando uma coroa no Céu. Os católicos percebem que a Escritura é muito clara.

Lumen Gentium

Apresento aqui alguns parágrafos da Lumen Gentium, documento oficial da Igreja redigido no Concílio Vaticano II, que é freqüentemente citado pelos evangélicos quando tratam do título "Rainha do Céu". Penso que a Lumen Gentium claramente afirma a autoridade de Jesus sobre o céu e a terra:

60. "Um só é nosso Mediador segundo as palavras do Apóstolo: 'Há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem; ele também se entregou para resgatar a todos' (1Timóteo 2,5-6). Porém a missão maternal de Maria diante dos homens de nenhuma forma obscurece nem diminui esta mediação única de Cristo; pelo contrário, melhor demonstra seu poder. Porque todo o influxo salvífico da bem-aventurada Virgem em favor dos homens não nasce de nenhuma lei mas sim do divino beneplácito, provém da superabundância dos méritos de Cristo, se apóia em sua mediação, dela depende totalmente e da mesma retira todo o seu poder e, longe de impedi-la, fomenta a união imediata dos crentes em Cristo".

62. "...Porque nenhuma criatura pode se comparar jamais com o Verbo Encarnado, nosso Redentor; porém, assim como o sacerdócio de Cristo é participado de diversas maneiras, tanto pelos ministros como pelo povo fiel, e assim como a bondade única de Deus se difunde realmente de formas distintas nas criaturas, assim também a mediação do Redentor não exclui, mas suscita em suas criaturas uma múltipla cooperação que participa da única fonte. A Igreja não duvida em professar esta missão subordinada de Maria, a experimenta continuamente e a recomenda ao coração dos fiéis para que, apoiados nesta proteção maternal, se unam mais intimamente ao Mediador e Salvador".

66. "...Segundo as palavras proféticas dela mesma: 'Daqui por diante todas as gerações me chamarão feliz, porque o Todo-Poderoso fez em mim grandes coisas' (cf. Lucas 1,48-49)... enquanto se honra a Mãe, o Filho - em razão do qual foram criadas todas as coisas (cf. Colossenses 1,15-16) e em quem o Pai quis que residisse toda plenitude (cf. Colossenses 1,19) - seja melhor conhecido, seja amado, seja glorificado e sejam cumpridos os seus mandamentos".

67. "...Assim mesmo, exorta encarecidamente aos teólogos e aos pregadores da Palavra divina, que se abstenham com cuidado, tanto de todo falso exagero, como também de uma excessiva estreiteza de espírito, ao considerar a singular digninade da Mãe de Deus(3). Cultivando o estudo das Sagradas Escrituras, dos Santos Padres e doutores e das liturgias da Igreja, sob a direção do Magistério, ilustrem retamente os dons e privilégios da Santíssima Virgem, que sempre se referem a Cristo, origem de toda verdade, santidade e piedade".

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3 Cfr. Pius XII, Nunius radioph., 24 oct. 1954: AAS 46 (1954) p. 679. Litt. Encycl. Ad coeli Reginam, 11 oct. 1954: AAS 46 (1954) pág. 637.

Estátuas da Mãe e do Menino

Alguns sustentam que as imagens de Maria com o Menino Jesus nos braços foram inspiradas em estátuas de Ísis carregando em seus braços Hórus, ou alguma outra deusa carregando seu respectivo filho.

A maternidade é comum a todas as culturas ao redor do mundo; portanto, não é difícil entender porque as imagens que se referem à maternidade sejam parecidas nas diferentes religiões.

Os católicos apresentam Maria com o Menino porque foi isto que ela fez quando Ele era pequenino. A maioria das mães carregam em seus braços os seus filhos e Maria carregou seu Filho quando Ele era pequeno. Isto não a torna uma deusa pagã! Poderíamos culpar qualquer artista plástico ou escultor que fizesse o mesmo, apresentando uma mãe com seu filho - mas isto não seria justo.

"E chegando à casa, encontraram o menino nos braços de Maria, sua Mãe; se prostraram e o adoraram" (Mateus 2,11). Por acaso os magos cometeram idolatria ao reverenciar o Menino nos braços de sua Mãe? Você seria capaz de não adorar a Cristo se o visse nos braços de sua Mãe?

A verdadeira origem da Devoção Mariana

Quando e como começou a devoção mariana? Com o santo anjo Gabriel, quando disse a Maria: "Salve, cheia de graça: o Senhor é contigo" (Lucas 1,27). Quando sua prima Isabel, inspirada pelo Espírito Santo gritou: "Bendita sois entre as mulheres... bendita sois porque creste" (Lucas 1,41-45), foi Deus quem inspirou estas primeiras homenagens a Maria! Inclusive, Ele inspira a Maria a proclamar uma profecia sobre si mesma: "De agora em diante, todas as gerações me chamarão bem-aventurada" (Lucas 1,47). Estes são os fundamentos bíblicos para a devoção mariana.

Logo, a relação dos católicos com Maria não tem origem na adoração de deusas pagãs, mas sim nos primeiros cristãos que abandonaram o paganismo e nunca mais adotaram a prática dos pagãos.

Condenação do Vaticano às deusas da Nova Era (New Age)

O Vaticano publicou sua posição em um documento sobre a Nova Era. Este documento fala de como as teorias da Nova Era sobre a mãe-terra (a deusa pagã Gaia ou suas equivalentes) são contrárias à fé católica e à fé de todos os cristãos. Você pode acessar esse documento no site do Vaticano. A seguir, apresento alguns extratos retirados dele, onde trata de Gaia, a mãe-terra.

"O livro 'A Hipótese Gaia', de James Lovelock, declara erroneamente que 'todos os tipos de matéria viva sobre a terra, desde as baleias até os vírus, desde os carvalhos até as algas podem ser entendidas como uma única entidade vivente, capaz de manipular a atmosfera terrestre para satisfazer às necessidades do todo e dotada com faculdades e poderes que superam aos das partes constituintes'(38). Para alguns, a "Hipótese Gaia" é uma 'extranha síntese de individualismo e coletivismo. Como tudo o que ocorre e tem a ver com a Nova Era, que tendo conquistado pessoas de diversos fragmentos políticos, não pode esperar empurrá-los para o grande caldeirão da mentalidade global'. O cérebro global precisa de instituições que o regulem; em outras palavras, um governo mundial. 'Para lidar com os problemas de hoje, a Nova Era sonha com uma aristocracia espiritual, ao estilo da República de Platão, regida por sociedades secretas...'(39). Isto pode ser uma afirmação exagerada sobre o caso, porém há muita evidência de que um elitismo gnóstico e um 'governo global' coincidem em muitos pontos com a política internacional.

Isto pode ser visto na promoção de um governo mundial desde o início do século XX. A consciência da unidade da humanidade casa perfeitamente com a hipótese Gaia... O pensamento 'positivo': a convicção de que as pessoas podem alterar a realidade física ou as circunstâncias externas mudando sua atitude mental, pensando positivo e construtivamente...

O que tem obtido êxito é a generalização da ecologia como uma fascinação pela natureza e a ressacralização da terra, Mãe Terra ou Gaia, com o zelo missionário, característico dos políticos verdes. O gerente da Terra é a raça humana em seu conjunto e a harmonia e o entendimento são requeridos para um governo responsável que é progressivamente entendido como um movimento global apoiado sobre uma estrutura ética. O aquecimento da (Mãe) Terra, cuja divindade se difunde através de toda a criação, é erguido como obstáculo para fechar a brecha entre a criação e o Deus Pai transcedentes judeu-cristão, evitando assim ser entendido como 'Ser'.

Tal visão de um universo fechado que contém a 'Deus' e outros seres espirituais junto de nós, reconhecemos como o reaparecimento implícito do panteísmo. Este é um ponto fundamental que atravessa a prática e o modo de pensar da Nova Era em todas as suas formas, e condiciona qualquer outro aspecto, ainda que positivo, de sua espiritualidade. Como cristãos, cremos que, ao contrário, 'o homem é essencialmente uma criatura e assim permanecerá por toda a eternidade, de modo que uma 'absorção' do humano 'no divino' nunca será possível'(31)...

De qualquer maneira, é suficiente esclarecer que a Nova Era compartilha com um grande número de grupos influentes a nível internacional, o objetivo de substituir ou transceder as religiões particulare de modo a criar espaço para uma 'religião' universal que poderá unificar a humanidade. Muito relacionado com isto está o esforço orquestrado por muitas instituições para inventar uma ética global, uma estrutura ética que reflita a natureza global da cultura contemporânea, a economia e a política. Mais ainda, a politização das questões ecológicas certamente acrescenta cor à questão total da hipótese Gaia ou adoração da mãe-terra...

... O Santo Padre remarca o grande interesse na espiritualidade que pode ser encontrada hoje no mundo secular e como outras religiões estão respondendo a essas demandas de formas excitantes. O avanço sobre este ponto desafia os cristão com esta frase: 'Porém nós que recebemos a graça da fé em Cristo, que revela o Pai e o Salvador do mundo, temos o dever de mostrar quão profunda a relação com Cristo pode nos levar' (nº 33). A todos aqueles que compram estas propostas religiosas ao redor deste mundo de mercado, o chamado à Cristandade se dará primeiro por intermédio do testemunho dos membros da Igreja, em sua confiança, calma, paciência e carinho, em seu amor concreto ao próximo, todo fruto de sua fé alimentada por uma autêntica oração pessoal"

[Vemos assim que] a Igreja Católica não quer nada com Gaia, nem com as deusas pagãs adoradas pelos seguidores da Nova Era. [Essas deusas] tampouco têm a ver com Maria, a Mãe de Jesus.

Uma nota pessoal acerca de Maria

Espero não ter causado animosidades com este artigo. Muitos desejariam que tudo acerca de Maria fosse deixado de lado pela Igreja, visando obter uma maior unidade com os demais cristãos. Eu somente desejo ajudar a construir uma ponte entre católicos e protestantes. Não creio que evitar Maria ajudaria a construir essa unidade. A maior parte dos sentimentos mais fechados contra Maria tem surgido dentro do movimento protestante nos últimos 100 anos. Muitos dos pais da Reforma nutriam fortes sentimentos positivos em favor de Maria, inclusive C.S.Lewis, Calvino, Heinrich, Bullinger e John Wesley. Inclusive o próprio Martinho Lutero falou dela em primeira pessoa, dizendo:

"Nenhuma mulher é como tu. Tu és mais que Eva ou Sara, bendita sobre toda nobreza, sabedoria e santidade" (Sermão, Festa da Visitação de 1537).

Alguns cristãos sentem que haveria uma maior unidade dentro da Igreja se todos deixássemos falar de Maria. No entanto, Maria não sairá da minha vida (nem da tua), a menos que se lhe peça. E com toda a franqueza, isso seria como dizer para minha mãe para que se vá e nunca mais pense em mim. Eu fiz isso uma vez com minha mãe biolófica e foi muito doloroso para ela. Maria me corrigiu. Maria ficaria imensamente ferida se lhe pedisse para que se vá, porém isso causaria mais dano a mim mesmo. Assim, não posso deixar de lado o que tenho a ver com ela, ao menos em minha própria vida, assim como ocorre na vida de milhões de cristãos que vivem no espírito de Cristo e foram enriquecidos por sua relação com Maria.


(...).


MACDONALD, David. Apostolado Veritatis Splendor: MARIA É UMA DEUSA PAGÃ?. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/4073. Desde 12/02/2007.

quarta-feira, 10 de março de 2010

RESPOSTAS AOS PROTESTANTES SOBRE A ORAÇÃO PELOS MORTOS


Porque os Católicos rezam Pelos Mortos?

Porque a Bíblia ensina que é santo e salutar o pensamento de rezar pelos mortos


No 2º livro dos Macabeus, capítulo 12, versículos 43 a 46: ?(Judas Macabeu) Tendo feito uma coleta mandou duas mil dracmas de prata a Jerusalém para se oferecer um sacrifício pelo pecado. Obra bela e santa, inspirada pela crença na ressurreição, porque se ele não esperasse que os mortos haviam de ressuscitar, seria coisa supérflua e vã orar pelos defuntos. Ele considerava que aos falecidos na piedade está reservada uma grandíssima recompensa. SANTO E SALUTAR ESSE PENSAMENTO DE ORAR PELOS MORTOS, para que sejam livres dos seus pecados?.

Por isso, São Paulo, na 2ª Epístola a Timóteo, cap.1, vers.18, assim ora a Deus pelo amigo Onesíforo: ?Que o Senhor lhe conceda a graça de obter misericórdia do Senhor naquele dia?.(2 Tm 1,18)

Nota: Comparando os vers. 15 a 18 do cap. 1º, com o vers. 19 do cap. 4º desta mesma Epístola, vê-se que Onesífero já era morto, porque nestes textos, S. Paulo se refere nominalmente a outras pessoas, e quando seria o caso de nomear Onesíforo, seu grande amigo e benfeitor, ele não o faz, mas só se refere ?à casa? e ?à família de Onesíforo?. Daí se conclui que ele não era mais do número dos vivos. E S. Paulo reza por ele, pedindo que o Senhor tenha dele misericórdia.

Mais uma oração pelos mortos: ?Quando tu oravas com lágrimas e enterravas os mortos, quando deixavas a tua refeição e ias ocultar os mortos em tua casa durante o dia, para sepulta-los quando viesse a noite, eu apresentava as tuas orações ao Senhor?. (Tobias 12,12)

Lendo o livro de (Jó 1,18-20) podemos ver que seus filhos foram purificados pelo sacrifício oferecido pelo seu pai. Como duvidaremos de que nossas oferendas pelos mortos lhes proporcionem alívio? Portanto demos nossos sufrágios àqueles que já se foram e por eles ofereçamos nossas preces.

Ler ainda na Bíblia: (1 João 5,16-17) (Eclesiástico 38,16-24) (Tobias 4,18)

Portanto, os católicos rezam pelos mortos, porque, com a Bíblia e toda a tradição, desde os tempos apostólicos, crêem na existência do Purgatório.

Se os mortos não interessam pelos vivos, como se explica que aquele rico nos tormentos do inferno suplicasse a Abraão que enviasse Lázaro a seus cinco irmãos ainda vivos, para convencê-los a mudar de vida e evitar de virem, por sua vez, àquele local de tormento? (Lucas 16,27). Como podia Abraão ignorar o que se passava aqui na terra, visto que sabia terem os vivos Moisés e os profetas, isto é, seus livros, e que seguindo-se escapariam aos tormentos do inferno? Não sabia ele que o rico tinha vivido em delícias e que Lázaro, o pobre, vivera na penúria e sofrimento? Com efeito, disse: ?- Filho, lembra-te de que recebestes teus bens em vida, e Lázaro por sua vez os males? (Lucas 16,25). Abraão estava pois a par dos fatos concernentes aos vivos, não aos mortos. Pode ser que estes fatos ele não podia os ter conhecido no momento em que ocorreram, mas após o falecimento dos dois, e sob as indicações do próprio Lázaro.

Condições do relacionamento entre os mortos e os vivos:

Convenhamos pois que os mortos ignoram os acontecimentos daqui da terra, pelo menos no momento mesmo em que eles se realizam. Podem vir a conhecê-los mais tarde, por aqueles que vão ao seu encontro, uma vez mortos. Por certo, não ficam conhecendo tudo, mas somente aquilo que lhes for autorizado de ser revelado e que eles tem necessidade de conhecer.

Os anjos, que velam sobre as coisas desse mundo, podem também lhes revelar alguns pontos julgados convenientes a cada um por aquele que tudo governa. Pois se os anjos não tivessem o poder de estarem presentes na morada dos vivos como na dos mortos, o senhor Jesus não teria dito: ?Aconteceu que o pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão.? (Lucas 16,22). Eles estão ora na terra ora no céu, visto que foi da terra que levaram aquele homem que Deus quis lhes confiar.

As almas dos mortos podem ainda conhecer, por revelações do Espírito Santo alguns acontecimentos aqui da terra, cujo conhecimento lhes é necessário. Não somente fatos passados ou presentes, mas até futuros. É assim que os homens - não todos - conheceram durante a sua vida mortal, não a totalidade das coisas, mas aquelas que a providencia divina julgava bom lhes revelar.

A sagrada escritura atesta que alguns mortos foram enviados a certas pessoas vivas; e reciprocamente, algumas pessoas foram até a morada dos mortos, assim Paulo foi arrebatado ao paraíso (1 Coríntios 12,2). E o profeta Samuel, após sua morte, apareceu a Saul ainda vivo e lhe predisse o futuro (1 Samuel 28,15-19). É verdade que alguns negam que tenha sido Samuel que apareceu, pois sua alma era refratária a tais procedimentos mágicos, como dizem. Foi conforme julgam, outro espírito, suscetível a essa arte maléfica que se revestiu de imagem semelhante a ele. Ora, o livro do Eclesiástico, atribuído a Jesus ben sirac ( que por causa de certas semelhanças de estilo podia ser mesmo de Salomão), relata-nos em elogio dos patriarcas que ?Samuel profetizou mesmo depois de morrer? (Eclesiástico 46,23).

Mas há outro texto que convida a admitir esse envio de mortos aos vivos: a passagem das aparições de Moisés, cujo Deuteronômio nos certifica da morte (Deuteronômio 34,5) e que apareceu vivo, como lemos no evangelho, com Elias que não morreu. (Mateus 17,3).

Como não sabemos exatamente o que acontece depois dessa vida, oramos pelos que morreram confiando na misericórdia do Deus que é Pai dos vivos e dos mortos. Não achamos perda de tempo, como alguns evangélicos dizem, nem inutilidade orar por um falecido porque cremos na comunhão dos santos e sabemos que Deus está em tudo e em todos, inclusive naqueles que já morreram. Nisso discordamos de outras igrejas que não acham necessário orar pelos mortos - ler (Apocalipse 6,9-11)

Há algumas pessoas que dizem que no céu está Jesus Cristo, mais ninguém, pois ele disse: ?ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu, o filho do homem?. Nossa resposta simples é: mas é claro, antes de Jesus as portas do céu estavam fechadas realmente. Ao morrer, desceu à mansão dos mortos e levou para o céu todos os justos. Foi ele mesmo que disse ao bom ladrão: ?hoje mesmo estarás comigo no paraíso?. Portanto, se ao subir ao céu, o Senhor levou o bom ladrão, já não está não mais sozinho. Todos daí para frente participam da glória reservada aos que fazem a vontade de Deus. (Mateus 27, 51-53) fala que neste dia muitos mortos ressuscitaram.

Para que flores e velas nos cemitérios?

As flores nada mais são do que a manifestação de que não permanecemos insensíveis, frios, rudes como pedras, diante da pessoa que parte.

Quem é inteligente saberá, realmente, tirar lições belíssimas das velas e das flores colocadas nas sepulturas, como diz a Bíblia: ?o homem nascido da mulher é de bem poucos anos e cheio de inquietação. Sai como a flor e depois morre; desaparece como a sombra? (Jo 14,1-2) ?A árvore seca, as flores caem, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente?(Isaías 40,8). ?E o rico nas suas preocupações passará como a flor da erva? (Tiago 1,10). ?Porque toda a carne é como erva, e toda glória do homem como flor do campo. Seca a planta e caí a sua flor? (1 Pedro 1-24-25).

Desta forma, velas acesas, no cemitério, e flores, embelezando as sepulturas, nos querem lembrar, por um lado, a alegria do céu, e por outro lado, o carinho e a saudade sentidos pela pessoa falecida, além da própria realidade passageira de nossa existência terrena.


MOURA, Jaime Francisco de. Apostolado Veritatis Splendor: RESPOSTAS AOS PROTESTANTES SOBRE A ORAÇÃO PELOS MORTOS. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/2865. Desde 05/07/2004.