segunda-feira, 28 de março de 2011

Eucaristia e confissão, armas contra a tentação


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Uma grande tentação é não fazer a vontade de Deus

Tua Palavra, Senhor, é mais penetrante que uma espada de dois gumes. Toca-nos, agora, Senhor, para que Tua Palavra possa trazer a vitória sobre qualquer espírito mau que queira nos enganar.

Eu acho que todos devem saber o que os romanos faziam quando derrotavam um império ou um general. O vencedor entrava de forma triunfante em Roma. E em meio àquela entrada triunfal, o general era aplaudido e louvado. E o general derrotado era amarrado à carruagem do vencedor. E isso era o máximo de humilhação para quem que havia sido derrotado.

Se olharmos Colossenses, veremos que São Paulo usa esse mesmo fato para falar da derrota do inimigo de Deus. Já foi dito várias vezes que o demônio já foi derrotado. Não precisamos temer nada. É verdade que o maligno é como um leão que ruge à nossa volta, tentando achar uma brecha e nos devorar. Mas por que ele continua a entrar nesse campo de batalha, uma vez que já foi derrotado? A intenção dele é diminuir a força do reinado de Jesus. Satanás continua a tentar enfraquecer aqueles filhos e filhas de Deus que fazem parte do Reino de Deus. E a experiência de muitos é esta: "Por que depois que comecei a seguir Jesus tenho mais tentações, me sinto mais oprimido que antes e tenho mais crises?"

Muitas pessoas, muitos cristãos, uma vez que tomam a decisão de seguir ao Senhor pensam que vão ter uma vida mais tranquila. Mas a verdade é o contrário, pois o demônio não tem interesse em atacar os que não são seguidores de Jesus. O interesse dele é colocar obstáculos na vida daqueles que decidiram seguir o Senhor. Os cristãos são as pessoas mais atacadas. Até os santos foram perseguidos.
Seguir Jesus, num momento de entusiasmo, é fácil, mas continuar O seguindo nos momentos de sofrimento é difícil. Mas existe uma coisa, uma técnica que frequentemente o demônio usa para nos atacar: o desânimo, o desencorajamento. O inimigo de Deus virá tentá-lo quando você estiver se sentindo fraco, cheio de medos, com raiva, ansioso e triste. Ele é como um rato dentro em um duto. Você não o vê. Ele age durante à noite, esconde-se sem que ninguém o veja. Mas se você derramar uma chaleira de água quente lá onde ele está, ele vai ter de sair do buraco. Quanto mais louvamos a Deus, tanto mais o maligno não consegue suportar isso e foge.

O desânimo não vem de Deus, sempre vem do inimigo, daquele que nos faz desistir de seguir em frente.

Não temos por que temer o diabo, pois ele já foi derrotado. Ele é que tem de ter medo de você e de mim! A razão para isso é simples: nós somos filhos e filhas de Deus, herdeiros do Reino de Altíssimo. O maligno tem muita raiva, porque aquilo que foi dado a ele uma vez, agora é dado para nós. Ele tem raiva e ódio de nós por causa disso. Ele odeia a cada um de nós. E faz tudo para nos enganar, para que voltemos desencorajados e desanimados. Ele tenta nos enganar de várias maneiras.

É nosso papel lutar contra essas táticas que inimigo de Deus utiliza para nos desanimar. Outra tática usada por ele é nos apresentar meias verdades, porque o demônio é um mentiroso, enganador, trapaceiro. Ele nos apresenta algo que parece muito bom, quando, na verdade, é muito ruim.

O maligno diz que, por causa dos seus pecados, você não consegue fazer nenhuma tentativa para ser mais santo. E faz de tudo para que nós saiamos do caminho da vontade do Senhor. Muitas vezes, nós pensamos que tentações são apenas relacionadas ao sexo, à raiva, a sentimentos de ódio e vingança. Essas são grandes tentações. Mas temos de estar atentos a uma grande tentação que é não fazer a vontade de Deus. Ele ousou tentar Jesus a desobedecer ao Pai, quando O levou ao alto do monte e mostrou-Lhe as cidades, dizendo-Lhe que elas pertenciam a Ele.

Irmãos e irmãs, será uma luta até o fim de nossa vida, mas se nós usarmos as armas certas não precisaremos ter medo nenhum. A primeira arma é a Eucaristia. O inimigo treme diante do Corpo de Cristo, porque é sinal de humildade, enquanto ele luta para ter poder. Jesus Cristo quis, por um momento, aniquilar a Si mesmo, entrando nas espécies do pão e do vinho para ficar perto de nós. Uma outra arma forte contra o maligno é o sacramento da confissão, que é mais poderoso do que a própria oração do exorcismo.

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sábado, 26 de março de 2011

Amor santifica Igreja, diz Cantalamessa na 1ª Pregação da Quaresma


Leonardo Meira
Da Redação



''O amor não é importante somente para a evangelização, mas para a própria vida interna da Igreja'', afirma Frei Raniero Cantalamessa

No roteiro de preparação espiritual durante a Quaresma, o Papa e a Cúria Romana começaram a participar nesta sexta-feira, 25, das tradicionais meditações ministradas pelo pregador da Casa Pontifícia, frei Raniero Cantalamessa, OFM Cap. O tema foi "As duas faces do amor: Eros e Ágape", numa referência explícita ao tema abordado pela primeira encíclica de Bento XVI, a Deus Caritas Est.

"Com as pregações desta Quaresma, gostaria de continuar no esforço, iniciado no Advento, de trazer uma pequena contribuição em vista da re-evangelização do ocidente secularizado, o que constitui, neste momento, a preocupação principal de toda a Igreja e em particular do Santo Padre Bento XVI", iniciou o frei capuchinho.

Ele indicou que o amor é um dos âmbitos em que a secularização age de modo mais difuso e nefasto, tornando-o algo meramente "profano" e arrancando toda e qualquer referência a Deus. No entanto, o amor não é importante somente para a evangelização, mas para a própria vida interna da Igreja, para a santificação dos seus membros, defende o sacerdote.

"O amor sofre uma nefasta separação não somente na mentalidade do mundo secularizado, mas também, no lado oposto, entre os fiéis e em particular entre as almas consagradas. Simplificando ao máximo, poderíamos formular assim a situação: no mundo, encontramos um eros sem ágape; entre os fiéis, encontramos frequentemente um ágape sem eros", afirma Cantalamessa.

"O eros sem ágape é um amor romântico, mais frequentemente passional, até a violência. Um amor de conquista que reduz fatalmente o outro a objeto do próprio prazer e ignora toda a dimensão de sacrifício, de fidelidade e de doação de si. É aquele que a linguagem comum compreende, geralmente, com a palavra 'amor'. [Já o ágape sem eros] aparece como um amar mais por imposição da vontade que por íntimo impulso do coração; um colocar-se dentro de um molde pré-concebido, ao invés de se criar um próprio, irrepetível, como irrepetível é cada ser humano diante de Deus. Os atos de amor dirigidos a Deus assemelham-se, nesse caso, àqueles de certos enamorados inexperientes que escrevem à amada cartas de amor copiadas de um manual especial", ressalta.

Nessa perspectiva, se o amor mundano é um corpo sem alma, o amor religioso assim praticado é uma alma sem corpo. "No fundo de muitos desvios morais de almas consagradas - não se pode ignorá-los - há uma distorcida e contorcida concepção do amor. Temos, portanto, uma dupla razão e uma dupla urgência de redescobrir o amor em sua unidade original. O amor verdadeiro e integral está completamente fechado dentro de duas conchas que são o eros e o ágape. Não se pode separar essas duas dimensões do amor sem destruí-lo, da mesma forma como não se pode separar hidrogênio e oxigênio sem perder-se a própria água", afirma o pregador.


Reconciliação

Segundo Cantalamessa, a reconciliação mais importante que precisa acontecer entre as duas dimensões do amor testemunha-se na vida concreta da pessoa. No entanto, para isso, é preciso bem entender cada um dos conceitos e promover uma síntese, como brilhantemente explica Bento XVI na Deus Caritas Est:

"Eros como termo para significar o amor 'mundano' e ágape como expressão do amor fundado sobre a fé e por ela plasmado. As duas concepções aparecem frequentemente contrapostas como amor 'ascendente' e amor 'descendente'. Na realidade, eros e ágape — amor ascendente e amor descendente — nunca se deixam separar completamente um do outro. Quanto mais os dois encontrarem a justa unidade, embora em distintas dimensões, na única realidade do amor, tanto mais se realiza a verdadeira natureza do amor em geral. Embora o eros seja inicialmente sobretudo ambicioso, ascendente — fascinação pela grande promessa de felicidade — depois, à medida que se aproxima do outro, far-se-á cada vez menos perguntas sobre si próprio, procurará sempre mais a felicidade do outro, preocupar-se-á cada vez mais dele, doar-se-á e desejará 'existir para' o outro. Assim se insere nele o momento da ágape; caso contrário, o eros decai e perde mesmo a sua própria natureza. Por outro lado, o homem também não pode viver exclusivamente no amor oblativo, descendente. Não pode limitar-se sempre a dar, deve também receber. Quem quer dar amor, deve ele mesmo recebê-lo em dom. [...] A fé bíblica não constrói um mundo paralelo ou um mundo contraposto àquele fenômeno humano originário que é o amor, mas aceita o homem por inteiro intervindo na sua busca de amor para purificá-la, desvendando-lhe ao mesmo tempo novas dimensões" (nn. 7-8).

''O homem também não pode viver exclusivamente no amor oblativo, descendente. Não pode limitar-se sempre a dar, deve também receber. Quem quer dar amor, deve ele mesmo recebê-lo em dom''
Cantalamessa aponta que eros e ágape estão unidos à fonte mesma do amor que é Deus. Embora os textos do Novo Testamento tenham evitado a expressão eros na referência ao amor, isso não significa uma negação do amor humano; antes, foi motivado pelo fato de o termo significar, na linguagem popular da época, "mais ou menos o que indica hoje quando se fala de erotismo ou filmes eróticos, isto é, a mera satisfação do instinto sexual, um degradar-se mais que elevar-se", relata o capuchinho.


Vida consagrada

Aí surge a necessidade de se resgatar um eros para a vida dos consagrados, que correm o perigo de viver um amor que nunca desce da mente para o coração. "Se eros significa impulso, desejo, atração, não devemos ter medo dos sentimentos, nem tampouco desprezá-los ou reprimi-los. Deus nos deu o próximo para amar!". A esse respeito, é preciso ter sempre em vista que o amor pelo próximo encontra seu fundamento no Verbo feito carne, em Jesus Cristo.

"O objeto primário do nosso eros, da nossa busca, desejo, atração, paixão, deve ser o Cristo. Está aqui o ponto crucial: pensar em Cristo não como em uma pessoa do passado, mas como o Senhor ressuscitado e vivente, com o qual eu posso falar, que posso também beijar se o quero, seguro de que o meu beijo não termina sobre a estampa ou sobre a madeira de um crucifixo, mas sobre um rosto e os lábios de carne viva (ainda que espiritualizada), felizes em acolher o meu beijo", diz Cantalamessa. Segundo ele, a beleza e a plenitude da vida consagrada depende da qualidade do amor por Cristo. "Somente esse é capaz de defender dos deslizes do coração".

Por fim, o capuchinho partilhou a experiência que fez de imaginar o que diria Jesus Ressuscitado se Ele mesmo estivesse ali, em seu lugar, explicando em primeira pessoa qual era o amor que desejava de cada um:

"O amor ardente:
É colocar-me sempre em primeiro lugar.
É buscar agradar-me em todos os momentos.
É comparar os teus desejos com o meu desejo.
É viver comigo como com um amigo, confidente, esposo, e ser feliz.
É ficar inquieto se pensas estar um pouco longe de mim.
É ficar plenamente feliz quando estou contigo.
É estar disposto a grandes sacrifícios para não me perder.
É preferir viver pobre e desconhecido comigo do que rico e famoso sem mim.
É falar-me como ao amigo mais querido em todo o momento.
É confiar-te a mim ao olhar para teu futuro.
É desejar perder-te em mim como meta da tua existência".

E concluiu:

"Se parece também a vós, como parece a mim, que estais ainda distantes dessa meta, não nos desencorajemos. Temos alguém que pode nos ajudar a alcançá-la se Lhe pedirmos. Repitamos com fé ao Espírito Santo: Veni, Sancte Spiritus, reple tuorum corda fidelium et tui amoris in eis ignem accende: Vem, Espírito Santo, enchei o coração dos teus fiéis e acende neles o fogo do teu amor".


Programa

As meditações quaresmais acontecem sempre às 9h (em Roma – 5h no horário de Brasília), na Capela Redemptoris Mater, sob a direção do pregador da Casa Pontifícia, frei Raniero Cantalamessa, OFM Cap.

O tema das meditações quaresmais deste ano é "Sobretudo, revesti-vos do amor" (Cl 3, 14). As três sucessivas Pregações de Quaresma acontecem nos dias 1º, 8 e 15, sempre às sextas-feiras.


http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=280972

quinta-feira, 24 de março de 2011

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Conheça o significado da Quaresma

Por que a Igreja utiliza a cor roxa nesse tempo?

Chama-se Quaresma os 40 dias de jejum e penitência que precedem à festa da Páscoa. Essa preparação existe desde o tempo dos Apóstolos, que limitaram sua duração a 40 dias , em memória do jejum de Jesus Cristo no deserto. Durante esse tempo a Igreja veste seus ministros com paramentos de cor roxa e suprime os cânticos de alegria: O "Glória", o "Aleluia" e o "Te Deum".
Na Quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas e termina na quarta-feira da Semana Santa, os católicos realizam a preparação para a Páscoa. O período é reservado para a reflexão, a conversão espiritual. Ou seja, o católico deve se aproximar de Deus visando o crescimento espiritual. Nesse tempo santo, a Igreja católica propõe, por meio do Evangelho proclamado na quarta-feira de cinzas, três grandes linhas de ação: a oração, a penitência e a caridade.
Essencialmente, o período é um retiro espiritual voltado à reflexão, onde os cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a acolhida do Cristo Vivo, Ressuscitado no Domingo de Páscoa.
Assim, retomando questões espirituais, simbolicamente o cristão está renascendo, como Cristo.
Por que a cor roxa?
A cor litúrgica deste tempo é o roxo que simboliza a penitênica e a contrição. Usa-se no tempo da Quaresma e do Advento.
Nesta época do ano, os campos se enfeitam de flores roxas e róseas das quaresmeiras. Antigamente, era costume cobrir também de roxo as imagens nas igrejas. Na nossa cultura, o roxo lembra tristeza e dor. Isto porque na Quaresma celebramos a Paixão de Cristo: na Via-Sacra contemplamos Jesus a caminho do Calvário
Qual o significado destes 40 dias?
Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o seguem significam o tempo de nossa vida na terra, suas provações e dificuldades. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste número na Bíblia. Nela, é relatada as passagens dos quarenta dias do dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou a estada dos judeus no Egito, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer.
O Jejum
A igreja propõe o jejum principalmente como forma de sacrifício, mas também como uma maneira de educar-se, de ir percebendo que, o que o ser humano mais necessita é de Deus. Desta forma se justifica as demais abstinências, elas têm a mesma função. Oficialmente, o jejum deve ser feito pelos cristãos batizados, na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa.
Pela lei da igreja, o jejum é obrigatório nesses dois dias para pessoas entre 18 e 60 anos. Porém, podem ser substituídos por outros dias na medida da necessidade individual de cada fiel, e também praticados por crianças e idosos de acordo com suas disponibilidades.
O jejum, assim como todas as penitências, é visto pela igreja como uma forma de educação no sentido de se privar de algo e reverte-lo em serviços de amor, em práticas de caridade. Os sacrifícios, que podem ser escolhidos livremente, por exemplo: um jovem deixa de mascar chicletes por um mês, e o valor que gastaria nos doces é usado para o bem de alguém necessitado.
Qual é a relação entre Campanha da Fraternidade e a Quaresma?
A Campanha da Fraternidade é um instrumento para desenvolver o espírito quaresmal de conversão e renovação interior a partir da realização da ação comunitária, que para os católicos, é a verdadeira penitência que Deus quer em preparação da Páscoa. Ela ajuda na tarefa de colocar em prática a caridade e ajuda ao próximo. É um modo criativo de concretizar o exercício pastoral de conjunto, visando a transformação das injustiças sociais.
Desta forma, a Campanha da Fraternidade é maneira que a Igreja no Brasil celebra a quaresma em preparação à Páscoa. Ela dá ao tempo quaresmal uma dimensão histórica, humana, encarnada e principalmente comprometida com as questões específicas de nosso povo, como atividade essencial ligada à Páscoa do Senhor.
Quais são os rituais e tradições associados com este tempo?
As celebrações têm início no Domingo de Ramos, ele significa a entrada triunfal de Jesus, o começo da semana santa. Os ramos simbolizam a vida do Senhor, ou seja, Domingo de Ramos é entrar na Semana Santa para relembrar aquele momento.
Depois, celebra-se a Ceia do Senhor, realizada na quinta-feira Santa, conhecida também como o lava pés. Ela celebra Jesus criando a eucaristia, a entrega de Jesus e portanto, o resgate dos pecadores.
Depois, vem a missa da Sexta-feira da paixão, também conhecida como Sexta-feira Santa, que celebra a morte do Senhor, às 15h00. Na sexta à noite geralmente é feita uma procissão ou ainda a Via Sacra, que seria a repetição das 14 passagens da vida de Jesus.
No sábado à noite, o Sábado de Aleluia, é celebrada a Vigília Pascal, também conhecida como a Missa do Fogo. Nela o Círio Pascal é acesso, resultando as cinzas. O significado das cinzas é que do pó viemos e para o pó voltaremos, sinal de conversão e de que nada somos sem Deus. Um símbolo da renovação de um ciclo. Os rituais se encerram no Domingo, data da ressurreição de Cristo, com a Missa da Páscoa, que celebra o Cristo vivo.
CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

sábado, 19 de março de 2011

A Igreja tem o poder de perdoar pecados?

 Alessandro Lima


Introdução
"Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhe serão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos" (Jo 20,22-23).
Sabemos que o batismo é o primeiro grande sacramento do perdão dos pecados. Através do batismo somos inseridos na família de Deus (a Igreja) e temos nossas culpas perdoadas.
Mas se o Cristão que no ato do batismo recebeu a imagem de Cristo, vier a pecar e então manchar esta imagem? Como ele obterá o perdão do pecado se não pode ser rebatizado?
A graça do batismo embora seja regenerativa, não livra a natureza humana de cometer pecados. O batismo é na verdade a porta de entrada para a Graça do Senhor e não a única e exlcusiva opção. No combate contra a inclinação para o mal, nem todas as batalhas o homem é vencerá; nem sempre conseguirá evitar a ferida do pecado.
É necessário então que haja uma outra chance para que o batizado possa se reconciliar com Deus e a Santa Igreja.
Foi para este caso que Nosso Senhor instituiu em Sua Igreja, o Sacramento da Confissão.
Objeção Protestante
Os protestantes afirmam que o perdão dos pecados deve ser pedido diretamente a Deus. Afirmam que a Igreja Católica pregra contra o Evangelho porque ensina que os fiéis católicos devem confessar seu pecado ao padre, e que isto seria errado pois o padre é um homem pecador como qualquer outro e como poderia um homem pecador perdoar o pecado de outro pecador?
Se o padre pode batizar porque não pode perdoar pecados? Não é pelo batismo que obtemos o primeiro perdão dos pecados? Se podemos obter o perdão dos pecados quando o padre batiza, por que não podemos obter este mesmo perdão pelo sacramento da penitência (ou confissão)?
Para sermos coerentes, ou deveríammos ser batizados diretamente por Deus ou o padre também pode perdoar pecados.
Por que que a Graça que opera no ato do Batismo não pode operar também no ato do confissão ao sacerdote?
Qual será o ensinamento que Cristo deixou sobre o perdão dos pecados após o batismo?
Antes, veremos como Ele instituiu a confissão dos pecados na Antiga Aliança.
O perdão dos pecados na Antiga Aliança
Na Antiga Aliança os pecados não eram perdoados com a confissão direta a Deus. O pecado era confessado no Templo perante o sacerdote e o pecador tinha que oferecer um sacrifício especifico para obter o perdão de seu pecado (cf. Lv 4). Esta regra estabelecida por Deus era figura do Sacramento da Confissão. Como Ele mesmo disse, o Senhor não veio abolir a Lei, mas dar o seu correto cumprimento. Cristo vem para realizar aquilo que antes era anunciado em figura. O que Ele fez com a antigra regra de Moisés quanto à confissão e perdão dos pecados?
Veremos agora como a confissão dos pecados deveria ser na Nova e Eterna Aliança.
O perdão dos pecados na Nova e Eterna Aliança
A Igreja foi fundada para que seja o Cristo na terra, isto é, para que opere na terra tudo que Cristo operava, já que Ele deveria ir para o Pai. Como dizia Santo Ambrósio de Milão: "O Senhor quer que seus discípulos tenham um poder imenso: quer que seus pobres servidores realizem em Seu nome tudo o que havia feito quando estava na terra" (Sobre a Penitência, 370 DC).
O Senhor desejou que as coisas que Ele realizava fossem agora realizadas por meio de Sua Igreja.
Por isso Nosso Senhor primeiramente confere aos apóstolos o poder de batizar e  autoridade de pregar o Evangelho, já que sem a fé Nele e sem o batismo ninguém pode se salvar (cf. Mt 16,15-16).
Depois Nosso Redentor confere aos Apóstolos o poder de perdoar pecados: "Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, lhe serão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, lhes serão retidos" (Jo 20,22-23).
O desejo de Cristo de que o perdão dos pecados deve ser obtido através da Igreja é bem claro. É um grande erro crer que o pecado pode ser confessado diretamente a Deus. Não foi este o desejo de Nosso Senhor.
Da mesma forma que sem Cristo não há perdão, sem a Igreja também não há, já que ela é o Cristo na terra.
Precedentes contra o Sacramento da Confissão
No início do século III, Novato - um sacerdote da Igreja em Roma - ensinava que não haveria mais esperança para aquele que viesse a pecar depois do batismo. Para ele era inútil o poder da Igreja de perdoar pecados. Novato consegue influenciar muitos membros do clero em Roma. Seus ensinamentos provocaram grande turbulência na Igreja Católica em Roma e então um Concílio regional é convocado para tratar da questão. Segundo o historiador da Igreja Primitiva, o Bispo Eusébio de Cesaréira, este Concílio "Contava com sessenta bispos  e ainda um número maior de presbíteros e diáconos; nas províncias, os pastores examiraram em particular, conforme cada região, o que importava fazer. Foi tomada uma decisão geral. Fossem considerados fora da comunhão da Igreja, Novato, simultaneamente com os que se rebelaram com ele, e adotaram a opinião antifraterna e inteiramente desumana de Novato. Relativamente aos irmãos que haviam caído na infelicidade, era preciso tratá-los e curá-los pelos remédios da penitência" (História Eclesiástica VI, 43,2).
Em normas gerais, a heresia Novaciana negava o perdão dos pecados aos que caíram em pecado após o Batismo. Os sacerdotes novacianos, negavam ministrar o Sacramento da Confissão aos fiéis da Igreja.
Embora o Concílio Reginal de Roma tivesse condenado as teses novacianas, além de outros Concílios Regionais na próprio Itália, no Egito e na África, a heresia Novaciana ganhou grande terreno na Igreja Antiga.
Em meados do século IV, o Bispo Ambrósio de Milão (pai espiritual de Santo Agostinho) publica importante obra contra a heresia novaciana entitulada "Sobre a Penitência". A obra reafirmava a ortodoxia da Tradição recebida dos Apóstolos, de que a Igreja não poderia negar o perdão dos pecados aos fiéis e que recebera especial poder de Cristo exatamente para este fim. "Sobre a Penitência" foi definitiva para varrer as teses de Novato do seio da Santa Igreja.
Conclusão
O catecismo da Igreja Católica quanto ao Sacramento da Confissão, é fé antiga do Cristianismo. A Igreja Católica não modificou o Evangelho ( como acusam os homens de má fé ou ignorantes da memória Cristã), ao contrário ensina o Evangelho de sempre, assim como Cristo comunicou aos Apóstolos e estes nos deixaram através da Sagrada Tradição. Vimos que a própria Bíblia dá testemunho de que Cristo deu aos seus apóstolos o poder de perdoar pecados (cf. Jo, 20,22-23).
A tese que nega que a Igreja tenha o poder de perdoar os pecados, sempre foi tida como heresia nos primeiros séculos. Como pode ser agora aceita como fé legítima?
A Verdade é verdade sempre: ontém e hoje. A falta de memória cristã é arrasta e tem arrastados muitos a professarem o erro, achando que estão agradando a Deus.
Ficamos aqui com a reflexão de Santo Ambósio de Milão sobre aqueles que, como os novacianos, negam que a Igreja tenha o poder de perdoar pecados:
"Dizem eles [os hereges novacianos], porém, que prestam reverência ao Senhor, o único a quem reservam o poder de remir os crimes. Pelo contrário, ninguém lhe faz maior injúria do que aqueles que querem anular seus mandamentos, rejeitar o encargo que lhes foi confiado. Pois se o próprio Senhor Jesus diz em seu Evangelho: 'Recebei o Espírito Santo, e a quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ão perdoados, e a quem os retiverdes, ser-lhe-ão retidos'(Jô 20,22-23). Quem é que o honra mais: aquele que obedece a seus mandamentos ou aquele que resiste a eles?"(Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 2,6. 370 DC)
"Que sociedade podem então ter contigo [Jesus] estes que não aceitam as chaves do Reino (cf. Mt 16,19), ao negarem que devem perdoar os pecados?" (Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 7,32. 370 DC)
"É certamente isto que eles [os novacianos] confessam a seu próprio respeito e com razão; de fato, não podem ter a herança de Pedro aqueles que não tem a cátedra de Pedro, a qual despedaçam com uma ímpia divisão. Contudo, é sem razão que negam também que na Igreja os pecados possam ser perdoados."(Santo Ambrósio de Milão, Sobre a Penitência 7,33. 370 DC)


http://www.veritatis.com.br/apologetica/artigosgracajustificacaopecadooriginal/573-a-igreja-tem-o-poder-de-perdoar-pecados

sexta-feira, 18 de março de 2011

Santa Maria, Sempre Virgem



Maria, sempre virgemDesde o início do cristianismo Maria Santíssima é venerada como "Áiepartenon", isto é, "Sempre Virgem".
A maioria dos cristãos acredita na virgindade da Mãe do Senhor antes de parto e durante o parto. Os cristãos protestantes negam que ela tenha permanecido virgem durante sua vida terrena. Demonstraremos abaixo as 3 situações de sua virgindade.
Este fato pode-se constatar na própria Bíblia: "O Anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma virgem desposada... e o nome da Virgem era Maria" (Lc 1,26). Nossa Senhora ainda dá testemunho de sua virgindade ao responder ao Anjo: "Como se fará isso, pois eu não conheço varão?"
O que é concebido por milagre deve nascer por milagre. O nascimento é uma conseqüência da concepção; sem o milagre do nascimento virginal, o milagre de se manter a virgindade da Mãe de Cristo estaria incompleto. Deus então teria operado um milagre incompleto.
E isto está conforme à profecia "uma virgem conceberá e dará à luz". E a própria Bíblia confirma a profecia: "Ora, tudo aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo Senhor, por meio do profeta."(Mt 1,22); ou seja, conceber e dar à luz, virginalmente.
Segundo a Tradição, Santa Maria havia feito um voto de castidade perpétua e assim o manteve, mesmo vivendo com S. José, como fica clara pela própria afirmação dela : "Eu não conheço varão", quando já estava desposada de S. José.
São Marcos, na mesma linha, chama Jesus "O filho de Maria" - "uiós Marias" (Mc 6,3), e não um dos filhos de Maria, querendo mostrar que ele era o seu filho único.
Os protestantes se utilizam da expressão "antes de coabitarem" para demonstrar que Santa Maria teve relações sexuais com São José. Vamos ao trecho em questão: "Maria, sua Mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, ela concebeu por virtude do Espírito Santo" (Mt 1,18). Ora "antes de coabitarem" significa apenas "antes de morarem juntos na mesma casa". Isso aconteceu quando "José fez como o anjo do Senhor lhe havia mandado e recebeu em sua casa sua esposa." (Mt 1,24).
Nossos irmãos separados cometem outro engano acerca da expressão "filho primogênito", para continuar negando a Virgindade perpétua de Nossa Santa Mãe. Esta expressão é usada por São Lucas: "Maria deu à Luz o seu filho primogênito" (Lc 2,7). "Filho primogênito" significa somente "primeiro filho", podendo ele ser filho único ou não.
A Lei de Moisés exige que todo primogênito seja consagrado a Deus, quer seja filho único ou não. É como observamos em: "Consagrar-me-ás todo o primogênito entre os israelitas, tanto homem como animal: ele é meu" (Ex. 13,2). Ainda no livro do Êxodo observamos: "Todo o primogênito na terra do Egito morrerá" (Ex. 11,5). E assim aconteceu: "Não havia casa em que não houvesse um morto" (Ex. 11,30). Como em todos os países, deveria haver casais de um só filho; como por exemplo, todos os que haviam se casado nos últimos anos.
Em outro trecho da Bíblia, o Senhor ordena: "contar todos os primogênitos masculinos dos filhos de israel, da idade de um mês para cima" (Num 3,40). Se há primogênito de um mês de idade, como é que se pode exigir que, para haver primeiro, haja um segundo?
O segundo texto bíblico preferido dos protestantes é este: "José não conheceu Maria [não teve relações com ela] até que ela desse à luz um filho." (Mt 1,25). Estaríamos certos em pensar que José "conheceu" Maria após ela "ter dado à luz um filho."; se o sentido bíblico da palavra "até" não fizesse referência apenas ao passado. Isto quer dize que é errado pensar que depois daquele "até", José deveria "conhecer" Maria.
Observe os exemplos: "Micol, filha de Saul, não teve filhos até ao dia de sua morte" (II Sam 6,23). Será que após a sua morte Micol gerou filhos? Falando Deus a Jacó do alto da escada que este vira em sonhos, disse-lhe: "Não te abandonarei, enquanto[até] não se cumprir tudo o que disse." (Gen 28,15). Será que Deus está dizendo a Jacó que o abandonaria depois? E ainda Nosso Senhor depois de haver ressuscitado parece a seus discípulos e diz: "Eis que estou convosco todos os dias,até a consumação dos séculos." (Mt 28,20).
Estes exemplos deixam claro que a palavra "até" no texto de Mt 1,25 é um reforço do milagre operado, a saber, a encarnação do Verbo por obra do Espírito Santo, e não por obra de homem [São José].
Outra forma dos protestantes negarem a virgindade perpétua de Nossa Mãe, é alegando que a Bíblia mostra que ela teve outros filhos, além de Jesus. Em diversos lugares, o Evangelho fala desses "irmãos" de Jesus: "estando Jesus a falar, disse-lhe alguém: eis que estão lá fora tua mãe e teus irmãos querem ver-te" (Mt 12, 46-47; Mc 3,31-32; Lc 8,19-20).
O argumento protestante somente mostra um ignorância sem tamanho da própria Bíblia que eles dizem conhecer. As línguas hebraica e aramaica não possuem palavras que traduzem o nosso "primo" ou "prima", e serve-se da palavra "irmão" ou "irmã". A palavra hebraica "ha", e a aramaica "aha", são empregadas para designar irmãos e irmã do mesmo pai, e não da mesma mãe (Gn 37, 16; 42,15; 43,5; 12,8-14; 39-15), sobrinhos, primos irmãos (1 Par 23,21), primos segundos (Lv 10,4) e até parentes em geral (Jó 19,13-14; 42,11). Portanto a palavra "irmão" era um expressão genérica.
Exitem muitos outros exemplos na Sagrada Escritura. Observamos no Gênesis que "Taré gerou Abraão, Naor e Harã; e Harã gerou a Ló" (Gn 11,27). E Ló então era sobrinho de Abraão. Contudo no mesmo Gênesis, mais adiante Abraão chama a Ló de irmão (Gn 13,8). E mais adiante ainda em Gn 14,12, o Evangelho nos relata a prisão de Ló; e no versículo 14 observamos "Ouvindo, pois Abraão que seu irmão estava preso, armou os seus criados, nascido em sua casa, trezentos e dezoito, e os perseguiu até Dã"
Jacó se declara irmão de Labão, quando na verdade era filho de Rebeca, irmã de Labão (Gn 29,12-15).
No Novo Testamento, fica claríssimo que os "irmãos de Jesus" não eram filhos de Nossa Senhora. Estes supostos "irmãos" são indicados por São Marcos: "Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão e não estã aqui conosco suas irmãs?"
Tiago e Judas, conforme afirma São Lucas eram filhos de Alfeu e Cleófas: "Chamou Tiago, filho de Alfeu... e Judas, irmão de Tiago" (Lc 6,15-16). E ainda: "Chamou Judas, irmão de Tiago" (Lc 6,16).
São Mateus diz que José é irmão de Tiago: "Entre os quais estava...Maria, mãe de Tiago e de José"(Mt 27,56).
Em São Mateus se lê: "Estavam ali [no calvário], a observar de longe..., Maria Mágdala, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu". Esta Maria, mãe de Tiago e José, não é a esposa de São José, mas de Cleofas, conforme São João (19,25). Era também irmã de Nossa Senhora, como se lê em São João (19,25): "Estavam junto à cruz de Jesus sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria [esposa] de Cleofas, e Maria de Mágdala".
Simão, irmão dos outos três, "Tiago, José e Judas". Portanto estes quatro são verdadeiramente irmãos entre si, filhos do mesmo pai e da mesma mãe. Alfeu ou Cleofas é o pai deles.
E ainda se Maria Santíssima tivesse outros filhos ela não teria ficado aos cuidados de São João, que não era da família, mas com seu filho mais velho, segundo ordenava a Lei de Moisés.
Agora uma pequena pergunta aos protestantes: Por que nunca os evangelhos chamam os "irmãos de Jesus" de "filhos de Maria" ou "de José", como fazem em relação a Nosso Senhor? E como durante toda a vida da Sagrada Família, os números de seus membros são três? A fuga pra o Egito, a perda e o reencontro no templo, etc.
Vejamos agora se os primeiros cristão compartilham dos pensamentos levantados pelos protestantes.
São Tiago Menor que realizou o esquema da liturgia da Santa Missa escreveu: "Prestemos homenagem, principalmente, à Nossa Senhora, à Santíssima Imaculada, abençoada acima de todas as criaturas, a gloriosíssima Mãe de Deus, sempre Virgem Maria..." (S. jacob in Liturgia sua).
São Marcos na liturgia que deixou às igrejas do Egito serve-se de expressões semelhantes:"Lembremo-nos, sobre tudo, da Santíssima, intermerata e bendita Senhora Nossa, a Mãe de Deus esempre Virgem Maria".
E os testemunhos primitivos acerca da virgindade perpétua de Nossa Santa mãe não páram por ái..