segunda-feira, 12 de abril de 2010

O uso da música evangélica na liturgia católica















Pelo Pe Adair José

Começo a minha reflexão com alguns questionamentos: podemos fazer uso da música evangélica nas celebrações litúrgicas da Igreja Católica? Mesmo com um repertório de séculos, os grupos de animação litúrgica da Igreja Católico teriam necessidade de alçar mão do repertório musical de outras denominações cristãs que possuem teologia e práticas de culto diferentes? Espero com este humilde ponto de vista ajudar nossos grupos de animação musical a despertar para o debate sobre o assunto.
O Concílio Vaticano II, inegavelmente, enriqueceu a Igreja com a proposta do esforço ecumênico em vista da unidade dos cristãos. O ecumenismo vem ganhando relevância a cada ano que passa. O saudoso Papa João Paulo II dedicou sobremaneira ao diálogo ecumênico e intereligioso com os cristãos da reforma e oriundos dela e com as grandes religiões não cristãs, respectivamente.
Se por um lado o ecumenismo é um dado positivo, por outro temos que ter prudência e sabedoria necessárias para não atropelar o processo ou mesmo, como católicos, perder a nossa identidade. O Papa Paulo VI atinou para isso várias vezes. Devemos, sim, dedicar com alegria à prática ecumênica, mas sem abdicar dos princípios de coesão da expressão doutrinária e litúrgica da Igreja Católica. Devemos acolher e dialogar com o diferente, mas sem perder os elementos que nos sedimentam como católicos.
O ecumenismo mal entendido ou mal intencionado traz em si o perigo do relativismo religioso. As pessoas que internalizam dentro de si a mentalidade relativista aceitam tudo o que cada religião professa como sendo a verdade ou parte dela. É comum ouvirmos: “toda religião é boa”. No entanto temos que admitir que nem toda expressão religiosa é boa. Nem tudo que se expressa religiosamente pode ser aceito como verdade revelada por Deus.
Essa visão de que “toda religião é boa” está sobremaneira presente no imaginário de nosso povo. Mas sabemos que se por um lado é possível um sólido e frutuoso ecumenismo com as denominações cristãs bem alicerçadas, por outro temos que admitir que os movimentos protestantes livres, incluindo aí o pentecostalismo sectário com caráter de seita, são totalmente fechados ao diálogo ecumênico e radicalmente se opõem à Igreja Católica e a outras denominações cristãs. Sobre esses quero me referir nesta reflexão, no que tange à música.
Uma cantora pentecostal e sectária, disse publicamente que tem ojeriza de saber que os “católicos usam a música dela para adorar um pedaço de pão”. Confesso que fiquei meditativo sobre tal afirmação e descobri que muitos grupos de música de nossas paróquias incorporam nos seus repertórios músicas de gênero gospel, as vezes sem saber da sua origem. Alguém começa a cantar música gospel nas celebrações litúrgicas e outros vão aderido a ponto de muitos católicos dizerem que os evangélicos estão cantando nossas músicas, quando na verdade é o contrário.
Acredito que devemos caminhar para um ecumenismo sadio que possa nos dar liberdade para, num futuro ainda por vir, fazer o intercâmbio de músicas que venham ajudar a animação de encontros, grupos de oração e devocionais. Utilizar a música gospel na liturgia católica é um ato de desmerecimento ao repertório de quase dois mil anos de genuínas músicas litúrgicas e teologicamente adequadas, confeccionadas para esse fim. Música gospel não goza de amparo litúrgico e muito menos retratam a fidedigna teologia que solidificam as bases da dogmática católica.
Precisamos urgentemente resgatar a música católica que brotou do coração orante de tantos homens e mulheres que ao longo da História da Igreja nos legaram um patrimônio musical que transcende o tempo porque celebra o Mistério do Ressuscitado mediante os sinais sacramentais da liturgia.
Nossos grupos de animação musical precisam buscar a auto estima católica e valorizar o patrimônio musical que temos. A música pentecostal protestante pode ser até apreciável quanto a certas harmonias e conteúdos, mas por questão de princípio não pode ocupar o lugar da música litúrgica que a sabedoria católica produziu e protagonizou ao longo de dois milênios.
Mesmo que algum católico desavisado cante músicas evangélicas ou mesmo às utilizem nos seus repertórios e gravações, não significa que teremos que utiliza-las em nossas atividades litúrgicas. Convido os grupos de animação a renunciar tais práticas na liturgia sob pena de manquitolá-la com conteúdos musicais inadequados, com títulos a saber: “Fico feliz em vir em tua casa”, “Segura na mão de Deus”, “Glória, Glória, Aleluia”, “Tua Palavra....”, “Quão grande és tu”, etc. Amemos nossa Igreja Católica e sua maravilhosa liturgia. Amém!!!

Adair José Guimarães
Publicado no Recanto das Letras em 15/11/2007
Código do texto: T737729

Para ajudar na sua opinião a respeito, seguem algumas postagens de comentários:


07/04/2010 18:08 - Marta Portela
Como católica e participante de grupo de liturgia concordo plenamente que temos muitas músicas apropriadas... mas também concordo que temos muitas músicas que não são nada "interessantes" principalmente para muitos daqueles cristãos católicos que só vão para a MIssa aos domingos. Pra eles é mais tocante as atuais evangélicas. Como resgatar esses "cristãos de missa"? Com uma música empolgante, que revigore a fé... Quem canta reza duas vezes... É claro que cada gesto, cada momento na Missa tem um significado. E, graças a Deus, temos muitas músicas com conteúdos e melodias maravilhosas. Acho que devemos preservar a história de Milênios... mas também devemos nos atualizar e fazer com que a Missa seja um local pleno de Oração, seguindo ritos mas também deixando que a naturalidade e a realidade de cada lugar faça parte de todo o contexto. Aqui ainda temos locais que nem instrumentos temos... às vezes é só no gogó... Ainda mais se formos cantar músicas que não sejam conhecidas... ou sejam "chatas", aquelas que nem no coral se aguenta... e a folha de cantos... há lugares que não se tem condições de fazê-la! Não acho que é desmerecer... Será que não é hora de repaginar as gravações das músicas liturgicas...? Se a música é prória ou não eu não sei, mas qual o motivo de as igrejas evangélicas estarem atraindo tantos fiéis aos seus templos? Fico muito triste quando entro na minha Igreja e tem bancos vazios e olho as estruturas faraônicas dos evangélicos abarrotadas de gente? Às vezes acho que não estamos nos preocupando com a ovelha desgarrada... Ah! Tenho 32 anos e ainda não tive a oportunidade de aprender a tocar nenhum instrumento, mas até que canto um pouquinho, o suficiente para a celebração. Já estou mostrando para o meu filho a necessidade de uma pessoa para evangelizar através da música na nossa comunidade. Ah! Tenho vários cds em casa, tanto católicos quanto evangelicos... E posso garantir que as crianças gostam dos mais animados! Marta Boa Vista - RR

05/04/2010 12:26 - Tarcísio Lourençon
Olá, sou musico atuante na Igreja Catolica em Mairinque-SP, me interesso muito sobre esse assunto, mas gostaria de saber mais... Na Diocese de Osasco em São Paulo, ameaçam retirar aqueles musicos que usarem musicas nao indicadas na liturgia, de fato entendo a necessidade, mas vemos muitas vezes que as musicas criadas para liturgia, não agragam aos gostos comuns, devemos lembrar que a maioria das pessoas ficam de braços cruzados sem entender a minima, assim não participando da cerimonia, e usando musicas mais populares a interesse maior da assembleia, participando e atraindo mais aos fieis. Criam-se musicas, "mal humoradas", sem vida, apenas pára canto coral, orgão, instrumentos mais classicos, sendo que o certo era acompanharmos a evolução musical, instrumental, e popular, evitando assim a mudança de religião por conta do que mais atrai, ou seja a "usica é a alma do negocio"

06/03/2010 20:09 - Romeu Antoni Boettcher
Quanto a musica liturgica:O Sacrossanto Concilio afirma: "a Musica Liturgica é um tesouro que deve ser preservado" enquanto catolicos temos a obrigação de descobrir este tesouro e, assim não precisaremos utilizar musicas de outra religioes em nossas celebraçoes.

27/02/2010 07:38 - Jacques Heinsen
Também concordo que deveríamos evitar músicas das seitas e também já ouvi muitas coisas com tom ofensivo, mas ainda assim se o Padre Marcelo coloca em seu repertório eu confio nele pois ele dá ênfase ao culto cristão correto que promove a imagem do menino Jesus e a de nossa Senhora. Mas pessoalmente desejaria que evitassem pois as nossas músicas sacras cantadas desde o segundo século e que são cantadas na semana santa e na missa do galo, foi copiadas por ele 1500 anos depois e eles acham que foram eles que a criaram. Isso é um absurdo. Quando Martinho Lutero criou sua teoria só havia as católicas, quais músicas seus prelados cantavam? Então vamos promover mais nossas músicas e hinos e caprichar na hora de tocar pois quando bem instrumentada, as músicas santas, não há pra ninguém. Que a paz de cristo e o amor de Maria estejam com vocês.

04/02/2010 10:59 - Marcelo Ferreira Nascimen
O que seria dos consumidores se só existisse a Qualy? Será que ela seria tão boa? e o que dizer se só existisse o OMO? Parece uma comparação esdruxula mas é verdade. A concorrência faz as empresas melhorarem e se atualizarem em benefício do consumidor. Creio que se só existisse a igreja Católica, as missas ainda seriam em Latim o padre conduziria a missa de costas para o público e talves não existissem os ministérios de louvor(Digo, da forma que existe hoje). A reforma protestante influenciou muito a igreja católica, essa é minha opinião, mesmo que muitos nunca reconheçam isso. Sobre as músicas gospel serem ministradas nas missas, não sei se é certo ou errado,pois eu sou evangélico. Mas é notório como a música católica tem melhorado muito, depois que os músicos católicos tiveram maior contato com a música evangélica. Eles têm sofrido da influência do gospel confesso que ja ouvi música católica pensando que era gospel. Sobre:"Uma cantora pentecostal e sectária, disse publicamente que tem ojeriza de saber que os “católicos usam a música dela para adorar um pedaço de pão”." Eu ouvi falar sobre esse fato supracitado mas somente no Universo católico e essa suposta declaração nunca foi de fato provada. Por isso não acho correto ficar propagando um fato em que não se pode provar. A chamada cantora sectarista em questão seria Aline Barros. Mas sinceramente não creio que ela daria tal declaração pois sabe que tem um grande público no meio católico.

1/12/2009 03:57 - Sérgio Luiz De Gennaro
Caro Pe. Adair José, O senhor tem argumentos contundentes. Eu,que me considero um cristão-católico ortodoxo,aprecio algumas músicas protestantes,como "Anjos de Deus"(c/Pe Marcelo),"Vou seguir os passos de Jesus"(c/a cantora não-católica Cassiane).Vejo no sr. o zelo pelas nossas músicas e,principalmente,por nossa Liturgia. A declaração abjeta da tal cantora neo-protestante, me causa repulsa,e claro a certeza que o protestantismo,além de suprimir sete livros da Bíblia,ainda riscou vários versículos dos "remanescentes",como por ex.Mt 16,18 e 26,26-28 ,dentre inúmeros outros. É sempre bom ler uma exortação bem fundamentada e que nos leve à reflexão. Abraços, Na Paz de Cristo, Sérgio Luiz

17/11/2009 14:16 - Ritinha do Sagrado Coraçã
Sou Católica desde o meu nascimento e agora sou por convicção. Amo ser Católica. Mas acho muito lindas algumas músicas evangélicas e penso que não devemos abrir mão dos nossos valores, da nossa liturgia e dos nossos talentos católicos. São bênçãos de Deus os nossos Padres cantores, os nossos jovens e religiosos que louvam a Deus através da música. Tocar algumas músicas evangélicas na Igreja Católica não significa perder a nossa identidade. Significa uma abertura para um possível diálogo entre cristãos, pois é exatamente o que Jesus Cristo rogou ao Pai em João 17,21: "Pai, quero que todos sejam um." O tanto de denominações de Igrejas diferentes se dizendo cristãs, já caracteriza uma falha, um erro grave na nossa unidade de cristão. Retomar esse diálogo, buscar uma aproximação através da música é algo divino, fruto da ação do Espírito Santo no meio de nós. Vamos pensar pelo lado da ação evangelizadora do Espírito Santo de Deus, que tudo sabe. Pois no "final", só haverá um só Rebanho e um só Pastor - Jesus Cristo e nós. Nós e Jesus Cristo. A Igreja Católica permanecerá em pé desde o princípio porque foi fundada por Cristo e permanecerá em pé eternamente, pois foi Cristo que assim profetizou a Pedro, "tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja; e as portas do inferno não prevalecerão contra ela..." Mt 16,18 Busquemos a Cristo por uma espiritualidade real e concreta, baseando-nos na Palavra dele, nos ensinamentos dele de Cristo. Da irmã em Cristo: Ritinhascj

12/11/2009 08:59 - Ana Paula
Adorei o texto, exatamente como eu penso. Mas me taxam de radical quando "tento vetar" musicas evangélicas... E confesso que como sou minoria tenho que na maioria das vezes aderir a musica evangélica. Confesso que algumas eu até gosto,ouço... mas o problema é que muitos Católicos deixam de comprar CDs Católicos ( e aprender sobre nossa musica) e ficam vidrados nas musicas e bandas Evangélicas.

01/11/2009 18:40 - clemilson belchior
querido padre nao acho inadequada a musica evangelica porque esta louvando a DEUS

01/10/2009 21:23 - Waldir Geraldo de Rezende
Dom Adair, venho acompanhando seus escritos, e concordo com a sua orientação nesta questão da música litúrgica. Nossas belas e comoventes canções ficam esquecidas e escutamos em nossas Igrejas coisas parecidas com o que vemos nas propagandas de certas emissoras de TV. Isso não é ecumenismo. Passa muito longe de qualquer coisa edificante para qualquer um dos lados religiosos. Fazemos com o cântico deles o que não gostamos que façam com os nossos. Frei Geraldo, mc

01/10/2009 11:15 - Maria Rute
Eu faço parte da liturgia a 14 anos , canto nas missas ,nós temos material um preparo para celebrar a missa, não tem nescessidade de colocar musicas evangelicas , acho que falta entendimento um preparo por parte destes celebrantes, eu sou leiga mais o pouco q ue entendo acho que não devemos misturar as coisas , sei que Jesus é um só . precimos ter cuidado zelo e sabedoria com as coisas de Deus, na fazer oque está na moda, porque a missa tem toda preparaçaõ tudo tem que ser seguida na parte da leitura com amusica , agente vive advento , tempo comum ,quaresma,e a melodia a letra tem ser de acordo com o tempo, estes tipos de informçaõ muitos grupos não tem, por isso fica assim, falta preparo ensinamento.

04/08/2009 16:36 - Luciana
Olá, infelizmente noto que pastores, padres, fiéis, católicos, protestantes etc. estão caminhando mais para um embate entre si do que necessariamente para a reflexão da palavra de Deus. Questiona-se tudo, se pode, se não pode, se é pecado, se é do mundo, se é secular, e... esquece-se da essência, do que verdadeiramente importa - nosso coração e o que nele contém. Cada dia mais me desanimo em seguir uma religião, simplesmente vejo um grande 'cabo de guerra' entre todas elas - o que me entristesse bastante. Sou católica e ouço vários artistas evangélicos, artistas mesmo,não aqueles que estão pegando uma onda no 'estrelato gospel' e tenho plena certeza de que Deus não está preocupado se vc segue x ou y, mas com o que vc faz com suas 24h, com sua experiência de vida, com seus anos de caminhada, com o tempo em que Ele te deu para que "pregasse o evangelho a toda criatura". Infelizmente estamos mais preocupados em 'salvar' o irmão da esquina, o desviado, o pecador e esquecemos de tirar a 'trave' de nossos próprios olhos. É lamentável mas... teremos respostas pra isso tudo e tenho certeza de que Deus nos dirá: "Meus filhos, quanto tempo vocês perderam..." Desculpem-me o desabafo.



2 comentários:

  1. ATENCAO...NAO ESTOU CONSEGUINDO ACESSAR O BLOG COM AS SENHA E LOGIN QUE UTILIZO SEMPRE...CREIO QUE ALGUÉM AS DELETOU. POR ISTO PEÇO DESCULPAS POR NAO ESTAR ATUALIZANDO O BLOG.

    NILSON FERREIRA - GRUPO DISCIPULOS DE EMAUS

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  2. A Igreja Católica foi a única responsável pela escolha a dedo dos livros canônicos do NT. Protestantes DEPENDEM dessa decisão romana.


    Não há respaldo HISTÓRICO para o protestantismo FORA da ICAR. Foram os protestantes que desertaram da ICAR e não o contrário.
    já que cairam fora, porque não montaram, organizaram, escolheram livros para sua biblia ?


    Se
    as igrejas evangélicas e protestantes "descendem" da teologia de
    Lutero, segue-se que a dependência da ICAR fica ainda mais acentuada.
    Lutero era monge da ordem de S. Agostinho. kkkkkk






    quem copia quem aqui evangenerico ?

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