sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Deus mandou fazer muitas imagens na Bíblia


Deus mandou fazer muitas imagens na Bíblia
Que é Imagem?
Imagem é a representação de um objeto, de uma pessoa.
É imagem o retrato, um monumento, uma estátua, um quadro, a bandeira...
A bandeira do Brasil não é o Brasil, porém se alguém despreza a bandeira do Brasil, despreza o Brasil. Se alguém despreza a imagem de Maria, quer é desprezar a Mãe de Jesus.
Ainda é muito comum ouvir pessoas dizendo “Deus proibiu fazer imagens”, não é verdade Deus não quer é ídolos (falso deus) isso é o que Deus proíbe.
Na Bíblia em Êxodo 25 Deus pede a Moíses que os israelitas façam um santuário e descreve como Ele quer que seja o santuário e o que colocar no santuário. Êxodo 25, 18- 22 diz: “Farás dois querubins de ouro polido nas duas extremidades do propiciatório um de cada lado, de modo que os dois querubins estejam nos dois extremos do propiciatório... Ali me encontrarei contigo, e de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins colocados sobre a arca da aliança, eu te comunicarei tudo o que deves ordenar aos israelitas.”

A serpente no deserto
O povo de Deus estava no deserto com sede, com fome e começou a resmungar contra Moíses então Deus envia serpentes venenosas. O povo se arrepende das reclamações e pede a Moíses que interceda por eles perante Deus. Moíses intercede pelo povo e então Deus disse: “Faze uma serpente de bronze e coloca-a sobre uma haste. Todo aquele que for mordido e olhar para ela, será curado”. Então quando alguém era picado por uma serpente olhava para a serpente de bronze, ficava curado. Isso está escrito em Números 21, 4-9.
Também em I Reis 6,23-27 “no Santíssimo Salomão mandou instalar dois querubins de madeira de dez côvados de altura....O primeiro querubim tinha cinco metros de altura e da mesma forma o segundo.Colocou os querubins no meio da parte interior do templo ...”
Em Ezequiel 41,17 “Dentro e fora do templo, em volta de todas as paredes externas e internas estavam pintadas querubins e palmeiras.”
Em II Crônicas 3, 10 “No Santo dos Santos mandou erigir dois querubins esculpidos revestidos de ouro. A extensão total das asas dos querubins era de dez metros.”

Em gênesis 1, 27 “Deus criou o ser humano à sua imagem, a imagem de Deus o criou Homem e Mulher ele os criou”
Em Colossenses 1, 15 “Cristo é a imagem do Deus invisível”
Em Romanos 8, 29 “Pois aos que ele conheceu desde sempre, também os predestinou a se configurarem com a imagem de seu Filho ...”
Ter imagens em casa para nossa devoção é conforme a Bíblia. Como vimos, Deus mandou fazer muitas imagens na Bíblia. Quem diz que Deus proibiu, não conhece a Bíblia.
Referência
Livro: Espírito Santo para assumir a Igreja, autor Frei Battistini, 4º edição, 2008.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Veracidade do purgatório

Qual a base bíblica para a doutrina do Purgatório?
Alessandro Lima


Deus nos manda sermos santos: "Dirás a toda a assembléia de Israel o seguinte: sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo" (Lv 19,2).

A Bíblia ensina em diversas oportunidades que na morada de Deus não entra o pecado. Vejamos por exemplo Hebreus:

"E tão terrível era o espetáculo, que Moisés exclamou: Eu tremo de pavor. Vós, ao contrário, vos aproximastes da montanha de Sião, da cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial, das miríades de anjos, da assembléia festiva dos primeiros inscritos no livro dos céus, e de Deus, juiz universal, e das almas dos justos que chegaram à perfeição, enfim, de Jesus, o mediador da Nova Aliança, e do sangue da aspersão, que fala com mais eloqüência que o sangue de Abel" (Hb 12,21-24) (grifos meus).

O Apocalipse confirma que na “cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial” só entrarão as “almas dos justos que chegaram à perfeição”, veja:

"Levou-me em espírito a um grande e alto monte e mostrou-me a Cidade Santa, Jerusalém, que descia do céu, de junto de Deus, revestida da glória de Deus. Assemelhava-se seu esplendor a uma pedra muito preciosa, tal como o jaspe cristalino [...] Nela não entrará nada de profano nem ninguém que pratique abominações e mentiras, mas unicamente aqueles cujos nomes estão inscritos no livro da vida do Cordeiro" (Ap 21,10-11.27) (grifos meus).

O próprio livro do Apocalipse é rico em referências ao necessário estado de santidade em que se encontram aqueles que JÁ ESTÃO no Céu, veja em Ap 3,5; 7,9.13-14; 22,14.

Por isso é que sabendo de tudo isso exclamou Davi:

"Senhor, quem há de morar em vosso tabernáculo? Quem habitará em vossa montanha santa? O que vive na inocência e pratica a justiça, o que pensa o que é reto no seu coração, cuja língua não calunia; o que não faz mal a seu próximo, e não ultraja seu semelhante. O que tem por desprezível o malvado, mas sabe honrar os que temem a Deus; o que não retrata juramento mesmo com dano seu, não empresta dinheiro com usura, nem recebe presente para condenar o inocente. Aquele que assim proceder jamais será abalado" (Sl 14).

Depois de todos estes exemplos, é evidente que a santidade exigida por Deus desde o Levítico (Lv 19,2) é necessária ao justo para entrar no céu (Ap 21,10-11.27).

Precisamos entender que o pecado não é só o ato de pecar, mas a própria vontade desejosa de pecar já é pecado pelo Senhor, antes mesmo que o pecado se concretize em atos. Com efeito, Ele disse: "Eu, porém, vos digo: todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração" (Mt 5,28) (grifos meus). O mesmo se confirma, por exemplo, em Hebreus: "Eu me indignei contra aquela geração, porque andavam sempre extraviados em seu coração e não compreendiam absolutamente nada dos meus desígnios" (Hb 3,10).

Acontece que o justo (aquele que se reconciliou com Deus) na maioria das vezes morre sem estar em estado de santidade, isto é, sua alma não se encontra entre as “almas dos justos que chegaram à perfeição” (cf. Hb 12,21-24). Se sua alma ainda não chegou à perfeição, significa que ele ainda possui vontade de pecar. Então como ele irá entrar no céu? Como irá entrar na “cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial”?

Claro que ele por ser justo não foi condenado ao inferno, porém pelo fato de ainda possuir inclinações ao pecado não pode entrar no Céu. Ele precisa então ser purificado de suas inclinações pecaminosas, este estado de purificação após a morte é que chamamos de Purgatório, pois purga, cura, o justo naquilo que ainda ele tiver de impuro.

O estado de purgatório não é uma substituição do sacrifício de Cristo na cruz, mas é uma continuação da Graça dispensada por Deus devido ao Sacrifício na Cruz. Ora, sabemos que a Graça do Espírito Santo nos foi dada por causa do Sacrifício de Cristo na Cruz. Esta Graça opera no homem santificando-o progressivamente, conforme muitas vezes ensinou S. Paulo: "É por isso que não desfalecemos. Ainda que exteriormente se desconjunte nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia" (2Cor 4,16). Ver também Cl 3,9-10.

Dizer que o purgatório substitui a salvação de Cristo é o mesmo que dizer que a ação da Graça pelo Espírito Santo faz o mesmo. As duas coisas são ações da Graça de Deus, para nossa salvação por meio de Cristo.

Porém, por uma falta de maior colaboração do homem com a Graça, esta renovação do homem velho para o homem novo, muitas vezes não se completa na vida terrena, e precisa ser completada após a morte. Sobre isso Jesus ensinou: "Todo o que tiver falado contra o Filho do homem será perdoado. Se, porém, falar contra o Espírito Santo, não alcançará perdão nem neste mundo, nem no mundo vindouro" (Mt 12,32).

Ora, que tipos de pecados podem ser perdoados “no mundo vindouro”? Estes pecados são as inclinações pecaminosas que ainda subsistem na alma que morre na imperfeição. A expressão “no mundo vindouro” utilizada pelo Senhor é referência ao mundo pós-mortem.

Jesus ainda disse: "Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo" (Mt 5,25-26) (grifos meus). Aqui há uma alusão do Senhor de que devemos colaborar com a Graça em vida, pois mesmo que o juiz nos ache justo, não teremos liberdade (morar no céu) até que todo pecado seja purgado (“teres pago o último centavo”), pois na “cidade do Deus vivo, da Jerusalém celestial” só entrarão as “almas dos justos que chegaram à perfeição” (cf. Hb 12,21-24). Veja ainda Mt 18,23-35; Lc 12,58-59.

S. Paulo também ensinou sobre o estado de purgatório das almas: "Quanto ao fundamento, ninguém, pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo. Agora, se alguém edifica sobre este fundamento, com ouro, ou com prata, ou com pedras preciosas, com madeira, ou com feno, ou com palha, a obra de cada um aparecerá. O dia (do julgamento) demonstra-lo-á. Será descoberto pelo fogo; o fogo provará o que vale o trabalho de cada um. Se a construção resistir, o construtor receberá a recompensa. Se pegar fogo, arcará com os danos. Ele será salvo, porém passando de alguma maneira através do fogo" (1Cor 3,10-15) (grifos meus).

Assim como o as impurezas do ferro são tiradas no fogo, as impurezas da alma são sanadas no fogo do purtagório.

Na pergunta que tratamos de responder, o autor coloca o ano de 593 d.C sugerindo que nesta data tenha sido inventada a doutrina do purgatório. Quem consulta as fontes primitivas da Fé e faz uma coisa destas age com notória falta com a Verdade. Talvez o autor da questão tenha copiado o ano de outra fonte, de qualquer forma é preciso investigar, agindo com toda honestidade.

Muito antes de 593 d.c já encontramos entre os primeiros cristãos a fé no estado de purgatório.

Tertuliano em meados do séc. II em sua obra “De an. 58” dá testemunho da fé primitiva na crença em que os justos que não morriam em estado total de perfeição, purgavam o restante de suas inclinações ao pecado, num estado intermediário entre o inferno e o céu, normalmente referido por sheol. (1).

Na virada dos entre os séc. II e III, Orígenes também testifica a doutrina do purgatório em sua obra Num. Hom. 15. O mesmo se dá em Clemente de Alexandria em Edsman 1-4. (ibidem).

No século III, Cipriano de Cartago reafirma a crença antiga no purgatório na sua Epístola 55,22. O mesmo o faz Ambrósio de Milão em In. Ps. 36,36. (ibidem)

Já no século IV é a vez de Gregório de Nissa em Or. De mort. e Cesário de Arles em Serm. 167 e 179. (ibidem).

Na virada do século IV para o V, Agostinho escreve amplamente sobre o tema em sua obras “O cuidado devido aos mortos” e “Cidade de Deus”.

O Papa Gregório que foi referenciado na pergunta, no séc V (e não em 593) em sua obra Dial 4,39 escreveu: "Desta afirmação (Mt 12,31), podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras no século futuro".

Conforme já o demonstramos, a doutrina ensinada pelo Papa não é novidade de seu tempo, mas uma reiteração da perene doutrina do estado de purgatório, logo que SEMPRE FOI CRIDA pelos primeiros Cristãos.

Somente a Verdadeira Fé pode ser demonstrada sem dificuldades pela Bíblia e encontrada no testemunho dos primeiros cristãos. Notem que nem foi preciso utilizar qualquer um dos sete livros deuterocanônicos que Lutero arrancou da Bíblia.

As obras dos Pais da Igreja podem ser encontradas online em:

- no sítio da Enciclopédia Católica dos EUA (http://www.newadvent.org/fathers).

- em português na seção “Patrística” de nosso sítio ou na Central de Obras do Cristianismo Primitivo (COCP) em http://www.nabeto.ihshost.com/cocp/.

Notas
(1) BERARDINO, Angelo Di. Dicionário Patrístico e de Antiguidades Cristãs. Tradução de Cristina Andrade; organizado por Angelo Di Berardino. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002. Verbete Purgatório, pg. 1203.

sábado, 7 de agosto de 2010

A Igreja Católica Apostólica Romana é a unica e verdadeira fundada por Jesus Cristo




Muitas vezes, somos tentados por argumentos incoerentes, e interpretações erradas da palavra de Deus, a abandonar a verdadeira Igreja, leia com atenção esse texto e tire suas dúvidas:




Escrito por Pe. Alberto Gambarini

Saiba como foi fundada a Igreja e os fundamentos de sua hierarquia


A ORIGEM DA IGREJA DE CRISTO

· Jesus Cristo tinha intenção de fundar uma Igreja?

· Que significa a palavra Igreja?

· Existem figuras bíblicas que dizem respeito à Igreja?

· Quantas igrejas Jesus fundou?

· Existe a expressão igreja católica na Bíblia?

· Que significa falar que a Igreja deve ser una, santa, católica e apostólica?

A Igreja católica apostólica romana é a única Igreja de Cristo?

A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA: A HIERARQUIA

· Que é hierarquia?

· Qual a origem da hierarquia?

· Existem figuras bíblicas que dizem respeito à Igreja?

 Como entender a figura do papa sendo continuação do ministério de Pedro?

A ORIGEM DA IGREJA DE CRISTO

Jesus Cristo tinha intenção de fundar uma Igreja?
Sim. A prova bíblica de sua intenção, a encontramos em (Mt 16,18): "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela".

Outras passagens são também importantes para constatarmos o propósito de Jesus em fundar a Igreja:

A escolha dos doze apóstolos:

- Depois subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram a Ele. Designou doze entre eles para ficar em sua companhia". (Mc 3,13-14).

- A escolha precisa de doze apóstolos tem um significado muito importante. O Senhor lança os fundamentos do novo povo de Deus. Doze eram as tribos de Israel, surgidas dos doze filhos de Jacá; doze foram os apóstolos para testemunhar a continuidade do Plano de Deus por meio da Igreja.

A Última Ceia

- "Tomou em seguida o pão e, depois de ter dado graças , partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: Este é o cálice da nova aliança em meu sangue, que é derramado por vós..." (Lc 22,19-20).

- Assim como era costume para os judeus, Jesus também reuniu os seus apóstolos para celebrar a páscoa. Durante esta cerimônia foi celebrada a última ceia. Jesus se apresenta como o novo e verdadeiro cordeiro, dá aos seus seguidores o alimento do Seu corpo e sangue.

- As palavras "fazei isto em memória de mim" apresentam o distintivo do novo povo de Deus. Deste modo, a última ceia passou a ser o alicerce e o centro da vida da Igreja que estava nascendo. Afinal, por meio da ceia o Senhor se torna de um modo mais forte presente entre o seu povo.

- E, finalmente, segundo Santo Agostinho, a Igreja começou "onde o Espírito Santo desceu do céu e encheu 120 pessoas que se encontravam na sala do cenáculo". O derramar do Espírito, em Pentecostes, foi como a inauguração oficial da Igreja para o mundo.

Que significa a palavra Igreja?
A palavra Igreja deriva de outra palavra grega que significa assembléia convocada. Neste sentido a Igreja é a reunião de todos os que respondem ao chamado de Jesus: "...ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor" (Jo 10,16).

Existem figuras bíblicas que dizem respeito à Igreja?
Sim. As principais são:

- Corpo de Cristo (1Cor 6,12-20; 10,14-22; 12,12-31; Rm 12,4-8)

- Esposa de Cristo (Ef 5,21-33; 2Cor 11,2)

- Novo povo de Deus (lPd 2,9)

Essa figura tem a sua origem no Antigo Testamento, em que vemos Deus escolhendo um povo (Israel), do qual a Igreja de Cristo passa a ser a herdeira.

Quantas igrejas Jesus fundou?
Examinando os textos bíblicos já apresentados, somos levados a concluir que Jesus fundou somente uma Igreja.

A Pedro disse: "...sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" (Mt 16,18); apresentou-se como o bom pastor dizendo: "...haverá um só rebanho e um só pastor" (Jo 1016); na sua oração sacerdotal orou ao Pai: "...para que sejam um, como nós somos um... para que sejam perfeitos na unidade..." (Jo 17,22.23); as figuras bíblicas usadas pelos primeiros cristãos atestam a visão de uma única Igreja: Jesus só pode ser a cabeça de um corpo, do mesmo modo como somente pode desposar uma noiva, assim como Deus teve somente um povo entre os vários povos.

Existe a expressão igreja católica na Bíblia?
Não. A palavra católica em relação à Igreja foi usada pela primeira vez no segundo século da era cristã pelo bispo de Antioquia, Santo Inácio, na carta dirigida aos esmirnenses: "Onde quer que se apresente o bispo, ali também esteja a comunidade, assim como a presença de Jesus nos assegura a presença da Igreja católica"(8,2). Foi empregada para destacar o sentido universal da Igreja de Cristo.

Aos poucos a palavra católica foi sendo usada para definir aqueles que estavam de fato seguindo a doutrina de Jesus. No final do século II, a igreja cristã já era conhecida como Igreja católica.

Quais as características para identificar a Igreja de Cristo?
No credo do Primeiro Concílio de Constantinopla (ano 381), são apresentados os traços que permitem reconhecer os sinais da Igreja de Cristo: "Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica"

Que significa falar que a Igreja deve ser una, santa, católica e apostólica?
- A Igreja deve ser UMA do mesmo modo como existe "um só Senhor, uma só fé, um só batismo" (Ef 4,5). Como já examinamos anteriormente, a intenção de Jesus Cristo foi fundar uma só Igreja.

- A Igreja é SANTA em virtude do seu fundador: Jesus Cristo. Foi ela que recebeu uma promessa fundamental: "...as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16,18). Deste modo, a razão da própria existência da Igreja está em ser um instrumento de santificação dos homens: "Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade" (Jo 17,19).

- A Igreja é CATÓLICA porque foi estabelecida para reunir os homens de todos os povos, para formar o único povo de Deus: "Ide, pois, ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19).

A Igreja é APOSTÓLICA porque está construída sobre o "fundamento dos apóstolos..." (Ef 2,20). A garantia da legitimidade da Igreja está na continuidade da obra de Jesus por meio da sucessão apostólica. Tudo o que Jesus queria para a sua Igreja foi entregue aos cuidados dos apóstolos: a doutrina, os meios para santificação e a hierarquia.

A Igreja católica apostólica romana é a única Igreja de Cristo?
Encontramos a resposta em uma afirmação do Concílio Vaticano II: "A única Igreja de Cristo(...) é aquela que nosso Salvador, depois da sua Ressurreição, entregou a Pedro para apascentar (Jo 21,17) e confiou a ele e aos demais apóstolos para propagá-la e regê-la (Mt 28,l8ss), levantando-a para sempre como coluna da verdade (1Tm 3,15)... Esta Igreja(...) subsiste na Igreja católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele" (LG 8).

Entretanto, a Igreja católica reconhece que nestes quase 2000 anos de cristianismo os homens, por causa de seus pecados, arranharam a unidade do Corpo de Cristo. Essas divisões fizeram surgir novas denominações. Observa a Igreja que em muitas delas existem "elementos de santificação e de verdade" (LG 8).

A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA: A HIERARQUIA

Que é hierarquia?
Significa governo sagrado. Trata-se do conjunto de pessoas que foram encarregadas por Jesus Cristo para ensinar, santificar e pastorear o Seu rebanho.

Qual a origem da hierarquia?
Veio da própria vontade de Jesus Cristo de garantir a continuidade segura de Sua obra.

Existem provas bíblicas da intenção de Jesus em instituir a hierarquia?
Sim. Começando pela escolha dos doze apóstolos: "Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze entre eles que chamou de Apóstolos..." (Lc 6,13); durante três anos, eles foram preparados para a missão de zelar pela integridade da pregação da Palavra. Os apóstolos receberam missão de ensinar e batizar (Mt 28,19), perdoar os pecados (Jo 20,23), celebrar a Eucaristia (Lc 22,14-20) e governar a Igreja (Mt 18,18).

Também destaca-se a escolha daquele a quem foi dada uma autoridade diferente da dos outros apóstolos diante da Igreja : "...Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros" (Jo 21,15). Em outros textos fica confirmado o encargo especial confiado a Pedro: (Mt 16,18-19 e Lc 22,31-32 e Jo 21,15).

Uma leitura atenta e fiel do livro dos Atos dos Apóstolos e das cartas do Novo Testamento constata a existência de uma hierarquia, isto é, de um governo dentro da Igreja. Assim foram desde cedo instituídos pelos apóstolos: os diáconos (At 6,2-6); os bispos e presbíteros (anciãos) (At 14,23; 20,17). Dignas de destaque são as palavras de saudação de Paulo aos filipenses: "Paulo e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Jesus Cristo, que se acham em Filipos, juntamente com os bispos e diáconos..." (Fl 1,1).

E, finalmente, é fundamental conhecer o pensamento de um dos dirigentes da igreja primitiva, São Clemente de Roma, que por volta do ano 96 escreveu uma carta dirigida aos coríntios afirmando que os apóstolos: "deram instruções no sentido de que1 após a morte deles, outros homens comprovados lhe sucedessem no ministério"(44). Aí já vislumbramos o embrião da organização da estrutura da Igreja.

No século II da era cristã, já encontramos três graus bem distintos da hierarquia: bispo, presbítero e diácono. Muito importantes são os escritos de Santo Inácio de Antioquia para entender como a Igreja vivia a fé naquele tempo. Em sua carta aos filadélfios escreve: "Sede solícitos em tomar parte numa só Eucaristia, porquanto uma só é a carne de nosso Senhor Jesus Cristo, um o cálice para a união com seu sangue; um o altar, assim como também um é o Bispo, junto com o seu presbitério e diáconos... "(4)

Estes poucos testemunhos dão a prova do propósito de Jesus levado á frente pelos primeiros cristãos na organização da Igreja com uma hierarquia. Pertencem a ela aqueles que receberam o sacramento da ordem, isto é, o bispo, presbítero e diácono. E assim até em nossos dias a Igreja tem sido governada.

Como entender a figura do papa sendo continuação do ministério de Pedro?
Por vontade exclusiva de Nosso Senhor Jesus Cristo, Pedro foi colocado na frente dos doze apóstolos com uma missão especial. Assim como no Antigo Testamento, Moisés, o Pastor de Israel, foi sucedido por Josué, também Pedro entregou o seu serviço de unidade a seus sucessores.

Os atos de Jesus não visavam unicamente ao tempo dos apóstolos. Existia a preocupação de garantir a continuidade da Sua obra em todos os tempos. Portanto, as palavras dirigidas a Pedro não são exclusivamente ã sua pessoa física, mas dizem respeito a um ministério (serviço) dentro da Igreja.

O texto fundamental para entender o primado de Pedro é o de Mt 16,18: "Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus: Tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus".

Nestas palavras encontramos dados importantes:

- Jesus trocou o nome de Simão para Pedro. Para a Bíblia toda mudança de nome significa a entrega de uma missão. O nome escolhido foi incomum para a tradição dos judeus. A finalidade fica clara quando sabemos que Pedro e pedra são escritos do mesmo modo na língua em que Jesus falava (aramaico). Pedro recebeu este nome para significar que Jesus, a pedra angular, o estabeleceu para ser uma pedra visível, a fim de garantir a unidade da Sua Igreja em todos os tempos.

- A Igreja guiada por Pedro recebe a garantia de que as forças do mal não poderão destruí-la: "as portas do mal não prevalecerão contra ela..."

- Pedro recebeu "as chaves do Reino". Na Bíblia elas são o símbolo de autoridade (Is 22,22; Ap 1,7; 3,7ss; 9,1; 20,1). A missão de Pedro passa a ser a de um poder exercido em nome de Cristo sobre toda a Igreja.

- E por último a promessa "ligar ... e desligar" revela a função de garantir a integridade do depósito da fé.

Desde cedo destaca-se entre todos os bispos a figura do bispo de Roma como uma liderança dentro da Igreja. Nessa cidade morreram Pedro e Paulo, e também ali aconteceram as mais duras perseguições dos imperadores romanos. O bispo de Roma nunca foi contestado quanto à pretensão de ser o legítimo sucessor de Pedro.

A história da Igreja confirma a posição do bispo de ROMA. No ano 96, São Clemente, bispo de Roma, escreve uma carta aos cristãos de Corinto corrigindo os erros desta igreja particular. No final do século II, Santo Irineu de Lião declara na sua carta contra as heresias: e necessário que todas as Igrejas concordem com esta Igreja". Alguns séculos mais tarde Felipe, um enviado do papa ao Concílio de Éfeso (431), dirige uma mensagem aos bispos ali reunidos: "ninguém duvida, e de fato é conhecido em todas as idades, que o bem-aventurado São Pedro, príncipe e cabeça dos apóstolos, pilar da fé e fundamento da Igreja católica, recebeu as chaves do reino de Nosso Senhor Jesus Cristo, Salvador e Redentor do gênero humano; e que, até os nossos dias e para sempre, é ele que, na pessoa dos seus sucessores...

Aprendemos com a Bíblia e com o testemunho da história da Igreja que o papa é bispo de Roma, e ao mesmo tempo aquele que tem a missão de zelar por toda a Igreja, pois assim foi desejado pelo próprio Jesus Cristo.

Pe. Alberto Luiz Gambarini
trechos extraídos do livro Em que cremos?

fonte: http://www.universocatolico.com.br/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=732

terça-feira, 3 de agosto de 2010

OS PRETENSOS "IRMÃOS DE JESUS"


Bíblicamente falando, não existe irmãos consanguíneos de Jesus, isto é, outros filhos de Maria e de José além de Jesus, uma vez que os relatos bíblicos não o demonstram. O que existe, de fato, são interpretações protestantes para algumas passagens dos Evangelhos (Cf. Mt 12, 46-47; Mc 3, 31-32; Lc 8, 19-20; Jo 7, 1-10), querendo, com isso, contestar a doutrina católica da virgindade perpétua de Maria; mas essas interpretações são facilmente refutadas pelos próprios relatos bíblicos e pela Tradição da Igreja.


Ora, o uso de interpretações subjetivas contraria o princípio da Verdade Divina; é isso o que afirma São Pedro em uma de suas cartas: “Antes de tudo, sabei que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal. Porque jamais uma profecia foi proferida por efeito de uma vontade humana. Homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus”. (2Ped 1,20-21). Logo, só o Espírito Santo dar o sentido verdadeiro ao que inspirou e isso Ele o faz por meio da Igreja que Ele mesmo conduz, pois, a Igreja é aquela que guarda o Depósito da Fé verdadeira que nos leva a perseverar até o fim na graça da salvação (Cf. Mt 24,13).


Quem são os pretensos “irmãos de Jesus”? (*)


Em diversos lugares, os Evangelhos falam desses “irmãos”. São Marcos e São Lucas referem que “estando Jesus a falar, disse-lhe alguém: eis que estão lá fora tua mãe e teus irmãos que querem te ver" (Cf. Mt 12, 46-47; Mc 3, 31-32; Lc 8, 19-20). São João, por sua vez, também fala de tais “irmãos” (Cf. Jo 7, 1-10).


Ora, essa suposta objeção protestante (“Maria teve outros filhos”) revela apenas a tamanha ignorância da Bíblia que dizem conhecer, mas na verdade não conhecem porque a interpretam ambiguamente quando a leem com os olhos da desobediência, vejamos por que. As línguas hebraica e aramaica não possuem palavras que traduzam os termos “primo” ou “prima” comum em outros idiomas e também no nosso, por isso, servem-se das palavras “irmão”, “irmã”. A palavra hebraica “ha”, e a aramaica “aha”, são empregadas para designar “'irmãos” ou “irmãs” do mesmo pai, não da mesma mãe (Cf. Gn 37, 12-17; 42,5-8; 43, 5; 49, 8); sobrinhos, primos irmãos (Cf. 1 Cro 23, 21-22), e primos segundos (Cf. Lv 10, 4), e até “parentes” em geral (Cf. Jó 19, 13-14; 42, 11). Logo, vemos que essas passagens demonstram, inequivocamente, que a palavra “irmão” era uma expressão genérica, geral, muito usada naquele tempo e naquela cultura.


No Novo Testamento, a expressão, “irmãos de Jesus”, era usada com o mesmo sentido semítico do Antigo Testamento, pois são da mesma cultura e mesma língua. Desse modo, os “irmãos de Jesus” não eram filhos de Maria e José. Constatemos as evidências: "Não é ele o carpinteiro, o filho de Maria, o irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? Não vivem aqui entre nós também suas irmãs? E ficaram perplexos a seu respeito”. (Mc 6,3).




Ora, esses supostos “irmãos de Jesus” indicados no Evangelho de São Marcos, na verdade, conforme afirma São Lucas, são filhos de Alfeu Cleofas: “Chamou Tiago, filho de Alfeu... e Judas, irmão de Tiago" (Lc 6, 15-16). Quanto ao outro pretenso irmão de Jesus chamado “José”, São Mateus diz que é irmão de Tiago: "Entre elas se achavam Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu." (Mt 27, 56). Essa Maria, mãe de Tiago e José, não é a esposa de São José, mas esposa de Alfeu Cleofas, citada acima por São Lucas; ela era também a irmã de Nossa Senhora, como se lê no Evangelho de São João: "Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena". (Jo 19,25). Quanto a Simão, é também irmão dos outros três, Tiago, José e Judas, filhos de Maria e Alfeu Cleofas. Logo, “os pretensos irmãos de Jesus” são verdadeiramente irmãos entre si, porém, filhos de Maria e Alfeu Cleofas e não de Maria Mãe de Jesus.


Ainda outras evidências que derrubam a objeção protestante: Por que os evangelhos nunca chamam os “irmãos de Jesus” de filhos de Maria ou de José, como o fazem em relação à Jesus? (Cf. Mt 13,55a) E como, durante toda a vida da Sagrada Família, o número de seus membros é sempre três? A fuga para o Egito e volta para Nazaré (Cf. Mt 2,13-23); a perca e o encontro do menino Jesus no templo (Cf. Lc 2,41-52).


Mais uma outra evidência, se Nossa Senhora tivesse outros filhos, ela não teria ficado aos cuidados de São João Evangelista, que não era da família, mas com seu filho mais velho, segundo ordenava a Lei de Moisés. Vejamos o que diz São João: “Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa”. (Jo 19,26-27).


Desse modo, fica provado que a objeção protestante não passa de um equívoco interpretativo subjetivista e nada mais.


Paz e Bem!


Frei Fernando,OFMConv.


(*) Inspiração tirada de: http://www.lepanto.com.br/dados/ApMariaSS.html
(23/07/10).
Postado por Fr Fernando,OFMConv no A CAMINHO DA ETERNIDADE em 7/30/2010 09:00:00 AM

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Doutrina do Purgatório



Desde os primórdios a Igreja, assistida pelo Espírito Santo (cf. Mt 28,20; Jo 14,15.25; 16,12´13), acredita na purificação das almas após a morte, e chama este estado, não lugar, de Purgatório.Ao nos ensinar sobre esta matéria, diz o nosso Catecismo:

“Aqueles que morrem na graça e na amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados, estão certos da sua salvação eterna, todavia sofrem uma purificação após a morte, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do céu” (CIC, §1030).Logo, as almas do Purgatório “estão certas da sua salvação eterna”, e isto lhes dá grande paz e alegria.Falando sobre isso, disse o Papa João Paulo II: “Mesmo que a alma tenha de sujeitar-se, naquela passagem para o Céu, à purificação das últimas escórias, mediante o Purgatório, ela já está cheia de luz, de certeza, de alegria, porque sabe que pertence para sempre ao seu Deus.” (Alocução de 03 de julho de 1991; LR n. 27 de 07/7/91)

O Catecismo da Igreja ensina que: “A Igreja chama de purgatório esta purificação final dos eleitos, purificação esta que é totalmente diversa da punição dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório principalmente nos Concílios de Florença (1438´1445) e de Trento (1545´1563)” (§ 1031).”Este ensinamento baseia-se também sobre a prática da oração pelos defuntos de que já fala a Escritura Sagrada:#8216; Eis porque Judas Macabeus mandou oferecer este sacrifício expiatório em prol dos mortos, a fim de que fossem purificados de seu pecado#8217; (2 Mac 12,46). Desde os primeiros tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em favor dos mesmos, particularmente o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos” (§1032).Devemos notar que o ensinamento sobre o Purgatório tem raízes já na crença dos próprios judeus, cerca de 200 anos antes de Cristo, quando ocorreu o episódio de Judas Macabeus. Narra-se aí que alguns soldados judeus foram encontrados mortos num campo de batalha, tendo debaixo de suas roupas alguns objetos consagrados aos ídolos, o que era proibido pela Lei de Moisés. Então Judas Macabeus mandou fazer uma coleta para que fosse oferecido em Jerusalém um sacrifício pelos pecados desses soldados. O autor sagrado, inspirado pelo Espírito Santo, louva a ação de Judas: “Se ele não esperasse que os mortos que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerasse que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormeceram piedosamente, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis porque ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, afim de que fossem absolvidos do seu pecado”. (2 Mac 12,44s) Neste caso, vemos pessoas que morreram na amizade de Deus, mas com uma incoerência, que não foi a negação da fé, já que estavam combatendo no exército do povo de Deus contra os inimigos da fé.Todo homem foi criado para participar da felicidade plena de Deus (cf. CIC, §1), e gozar de sua visão face-a-face. Mas, como Deus é “Três vezes Santo”, como disse o Papa Paulo VI, e como viu o profeta Isaías (Is 6,8), não pode entrar em comunhão perfeita com Ele quem ainda tem resquícios de pecado na alma. A Carta aos Hebreus diz que: “sem a santidade ninguém pode ver a Deus” (Hb 12, 14). Então, a misericórdia de Deus dá-nos a oportunidade de purificação mesmo após a morte. Entenda, então, que o Purgatório, longe de ser castigo de Deus, é graça da sua misericórdia paterna.O ser humano carrega consigo uma certa desordem interior, que deveria extirpar nesta vida; mas quando não consegue, isto o leva a cair novamente nas mesmas faltas. Ao confessar recebemos o perdão dos pecados; mas, infelizmente, para a maioria, a contrição ainda encontra resistência em seu íntimo, de modo que a desordem, a verdadeira raiz do pecado, não é totalmente extirpada. No purgatório essa desordem interior é totalmente destruída, e a alma chega à santidade perfeita, podendo entrar na comunhão plena com Deus, pois, com amor intenso a Ele, rejeita todo pecado.Com base nos ensinamentos de São Paulo, a Igreja entendeu também a realidade do Purgatório. Em 1Cor 3,10, ele fala de pessoas que construíram sobre o fundamento que é Jesus Cristo, utilizando uns, material precioso, resistente ao fogo (ouro, prata, pedras preciosas) e, outros, materiais que não resistem ao fogo (palha, madeira). São todos fiéis a Cristo, mas uns com muito zelo e fervor, e outros com tibieza e relutância. E Paulo apresenta o juízo de Deus sob a imagem do fogo a provar as obras de cada um. Se a obra resistir, o seu autor “receberá uma recompensa”; mas, se não resistir, o seu autor “sofrerá detrimento”, isto é, uma pena; que não será a condenação; pois o texto diz explicitamente que o trabalhador “se salvará, mas como que através do fogo”, isto é, com sofrimentos.O fogo neste texto tem sentido metafórico e representa o juízo de Deus (cf. Sl 78, 5; 88, 47; 96,3). O purgatório não é de fogo terreno, já que a alma, sendo espiritual, não pode ser atingida por esse fogo. No purgatório a alma vê com toda clareza a sua vida tíbia na terra, o seu amor insuficiente a Deus, e rejeita agora toda a incoerência a esse amor, vencendo assim as paixões que neste mundo se opuseram à vontade santa de Deus. Neste estado, a alma se arrepende até o extremo de suas negligências durante esta vida; e o amor a Deus extingue nela os afetos desregrados, de modo que ela se purifica. Desta forma, a alma sofre por ter sido negligente, e por atrasar assim, por culpa própria, o seu encontro definitivo com Deus. É um sofrimento nobre e espontâneo, inspirado pelo amor de Deus e horror ao pecado.


Pensamentos Consoladores sobre o Purgatório.

O grande doutor da Igreja, São Francisco de Sales (1567´1655), tem um ensinamento maravilhoso sobre o purgatório. Ele ensinava, já na idade média, que “é preciso tirar mais consolação do que temor do pensamento do Purgatório”. Eis o que ele nos diz:

1 As almas ali vivem uma contínua união com Deus.

2 Estão perfeitamente conformadas com a vontade de Deus. Só querem o que Deus quer. Se lhes fosse aberto o Paraíso, prefeririam precipitar-se no inferno a apresentar-se manchadas diante de Deus.

3 Purificam-se voluntariamente, amorosamente, porque assim o quer Deus.

4 Querem permanecer na forma que agradar a Deus e por todo o tempo que for da vontade Dele.
5 São invencíveis na prova e não podem ter um movimento sequer de impaciência, nem cometer qualquer imperfeição.

6 Amam mais a Deus do que a si próprias, com amor simples, puro e desinteressado.

7 São consoladas pelos anjos.

8 Estão certas da sua salvação, com uma esperança inigualável.

9 As suas amarguras são aliviadas por uma paz profunda.

10 Se é infernal a dor que sofrem, a caridade derrama-lhes no coração inefável ternura, a caridade que é mais forte do que a morte e mais poderosa que o inferno.

11 O Purgatório é um feliz estado, mais desejável que temível, porque as chamas que lá existem são chamas de amor.

(Extraído do livro O Breviário da Confiança, de Mons. Ascânio Brandão, 4a. ed. Editora Rosário, Curitiba, 1981)
Fonte: www.apelosdoceu.com